A Poente...

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pensamento livre

Radio Lusófona com notícias do mundo, muitas africanas, Brasil, Europa, FM 101.9. Cimeira do Clima em Durban, ao mesmo tempo que a população mundial ultrapassou os 7 biliões e o clima aquece. Guebuza chega amanhã a Nampula. Crise na Bélgica, depois de mais de um ano sem Governo. Seis países ricos da UE foram ameaçados de ver o seu índice de raking financeiro descer. Os políticos europeus sofrem todos do mesmo, luxo. Portugal está em “falência técnica” há 4 trimestres, PIB a decrescer – recessão geneuína. Calou-se (a radio) e passei para o 103,6 RFM – música ligeira brasileira romântica. Monte Mabu? Monte Namuli? Quimba? Ilha? Memba? We shal see!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Clean up

23h 15min, encontrei o CD de limpeza e efectuo a operação. Aqui estou a transpirar, de fora vem fresco. O ruido dos carros, carrinhas, camiões, motas e aviões, continua. Acaba de passar um mosquito, resistente à ventoinha e incenso. Línguas estranhas no café do centro comercial, uma conversa com o A. sobre os seus desencontros amorosos e as tropelias dos pedreiros macuas. Comprei água e sal fino. A velocidade do pensamento atravessa tempos e extensões. Do alho do avô de campolide ao gengibre para a memória, da moralidade étnica ao viva o povo brasileiro, da empresa de areias pesadas de Topuito à miscigenação Koti Macua. Alguns sonhos díspares, sem registo notório. Frases antigas, lugares comuns, provérbios de sempre. A música mantém presença forte. Desta e da outra, sul africana, moçambicana, cabo verdeana, africana, brasileira, sul americana, ocidental, lusa e oriental. Batucadas ainda nada. Animais só corvos. Pó quanto baste. O comboio apita repetidamente a horas desuzadas. Acordo ortográfico ainda por implementar aqui. Algumas palavras de Macua, poucas. Visitas aos bairros, raras. Passagem nas lojas, escassas e fugidias.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

“Os poderes atribuídos aos instrumentos e aos medicamentos nos ritos de cura entram em actividade somente pela acção dos especialistas, homens dotados de força psicológica, de conhecimento das plantas medicinais, com arte própria e sabedoria mística reconhecida pela sociedade.

NAHAKO: procura descobrir o culto e investiga para manifestar o escondido, especialmente as causas das desgraças e das doenças.

MUKHULUKANO: exerce a arte de curar, conhece as ervas medicinais, sabe preparar os medicamentos, confecciona-os de facto e administra-os ao doente, cuidando da sua terapia.

NAMUKU: reúne à sua volta outros indivíduos que têm conhecimentos e poderes sobrenaturais extraórdinários para uma acção benéfica comunitária.

Existe por outro lado uma personagem designada por MUKHWIRI: pessoa que, com poderes sobrenaturais extraórdinários, pode causar, por si ou por meio de terceiros, doenças e até a morte.”


Francisco Lerma Martinez, O Povo Macua e a sua Cultura, Paulinas, Maputo, Moçambique, 2008, pag. 159.

“O processo curativo utiliza instrumentos e medicinas, de valor simbólico e terapêutico, classificados de várias formas e com contextos rituais específicos. Existem uma variedade de instrumentos e de medicamentos conhecidos. E também os especialistas dos ritos de cura.”


Francisco Lerma Martinez, O Povo Macua e a sua Cultura, Paulinas, Maputo, Moçambique, 2008, pag. 159.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Doenças na Macuana

Existem vários tipos de classificações (exteriores) das doenças no grupo Macua.


Esquema descritivo:

a) doenças causadas por mau comportamento;

b) doenças causadas por falta de higiene;

c) doenças com origem noutras causas.

Segundo a cura:

a) doenças em geral;

b) doenças físicas e infecciosas;

c) doenças culturais (específicamente macuas).

Segundo as causas:

a) doenças causadas pela maldade de um terceiro;

b) doenças causadas pelo castigo de um espírito;

c) doenças causadas pelo amor possessivo de um terceiro.

Outra:

a) Doenças originadas por causas conhecidas.

b) Doenças originadas por causas desconhecidas.



Francisco Lerma Martinez, O Povo Macua e a sua Cultura, Paulinas, Maputo, Moçambique, 2008, pag. 154.

domingo, 6 de novembro de 2011

Ainda não datadas...

Hoje fui com a colega A. visitar as Pinturas Rupestres de Malodge. Depois de passar a tabuleta do Distrito de Murrupula, mais ou menos a 40 km de Nampula, tabuleta à esquerda indica 13 km. De facto são 9,5, muita areia, 3 sítios de pedra (ribeiros agora secos) a atravessar com calma. Pedimos informação já perto, entram 3 homens, um mais velho é o chefe da zona, fala pouco português, mas os dois mais novos ajudam; seguimos, paramos junto a 1 Eizelberg imponente. O monte chama-se Malodge (ou Malotche), está na localidade de Casuzo, Distrito de Murrupula. Tem um telheiro de palha com troncos para sentar. Aparecem miúdos e mais 3 homens. Vê-se a enorme pala do rochedo, projectando uma sombra imensa sobre uma espécie de caverna gigante. Iniciamos a súbida íngreme, terra negra e pedras soltas, rochas, rochedos, alguma areia mais acima. A meia encosta, o local do Mucuto, pequeno, plano, junto a um arbusto. Para cima è rocha lisa de granito, areia como na praia, muito inclinado. Os desenhos de forma e cores (branco, negro, vermelho, barro, cinzento, amarelo) no granito de grão fino são requintados. O último bocado, com declive máximo, em areia, é terrível. Atingimos o topo e o fundo da gruta; numa zona central e ainda mais escavada, deparamos com desenhos a vermelho, de tão simples, dois grupos de 4 traços verticais grandes, uma espécie de escudo, uma espécie de roca, alguns traços pequenos verticais e horizontais, uma cruz “suástica”. A A. de chinelas passou o cálvario para subir, mas adorou. A paisagem, a temperatura, a sensação, por baixo das pinturas, são extraórdinarias. Ao fundo no vale e morros, pedra e mais pedra, mato queimado; ao longe raras machambas, mais longe os mesmos enormes eizelbergs espalham-se no horizonte. Descansamos e tiramos fotografias, falamos e apanhamos o ar fresco. Os locais desconhecem qualquer história sobre os desenhos, sabem que são muito antigos; aguardam intervenção do governo para dinamizar o local. Mas Mucuto faz-se aqui mesmo muitas vezes e por variados motivos. A descida é mais leve, estão já mais mulheres e crianças sentadas no telheiro. Cumprimentamos, trocam-se piadas! Retomamos a viatura, que se porta muito bem sem precisar de tracção, com os nossos 3 acompanhantes, mais outro que pediu para levar um filho doente; paramos mais à frente, a mãe está com a criança no meio da machamba, ao colo, uma mama enorme de fora, entrega o rapaz ao marido e retomamos o percurso; deixamos o chefe e os 2 acompanhantes em casa; seguimos até ao alcatrão e paramos mais à frente para comprar água; não trouxemos nada, mal prevenidos! Rápidamente estamos em Nampula, virando à esquerda para ir almoçar aos Montes Nairuco, em direcção a Rapale.

domingo, 23 de outubro de 2011

Viagens na minha terra

Hoje fui com a colega A. visitar as Pinturas Rupestres de Malodge. Depois de passar a tabuleta do Distrito de Murrupula, mais ou menos a 40 km de Nampula, tabuleta à esquerda indica 13 km. De facto são 9,5, muita areia, 3 sítios de pedra (ribeiros agora secos) a atravessar com calma. Pedimos informação já perto, entram 3 homens, um mais velho é o chefe da zona, fala pouco português, mas os dois mais novos ajudam; seguimos, paramos junto a 1 Eizelberg imponente. O monte chama-se Malodge (ou Malotche), está na localidade de Casuzo, Distrito de Murrupula. Tem um telheiro de palha com troncos para sentar. Aparecem miúdos e mais 3 homens. Vê-se a enorme pala do rochedo, projectando uma sobra imensa sobre uma espécie de caverna gigante. Iniciamos a súbida íngreme, terra negra e pedras soltas, rochas, rochedos, alguma areia mais acima. A meia encosta, o local do Mucuto, pequeno, plano, junto a um arbusto. Para cima è rocha lisa de granito, areia como na praia, muito inclinado. Os desenhos de forma e cores (branco, negro, vermelho, barro, cinzento, amarelo) no granito de grão fino são requintados. O último bocado, com declive máximo, em areia, é terrível. Atingimos o topo e o fundo da gruta; numa zona central e ainda mais escavada, deparamos com desenhos a vermelho, de tão simples, dois grupos de 4 traços verticais grandes, uma espécie de escudo, uma espécie de roca, alguns traços pequenos verticais e horizontais, uma cruz “suástica”. A Sílvia de chinelas passou o cálvario para subir, mas adorou. A paisagem, a temperatura, a sensação, por baixo das pinturas, são extraórdinarias. Ao fundo no vale e morros, pedra e mais pedra, mato queimado; ao longe raras machambas, mais longe os mesmos enormes eizelbergs espalham-se no horizonte. Descansamos e tiramos fotografias, falamos e apanhamos o ar fresco. Os locais desconhecem qualquer história sobre os desenhos, sabem que são muito antigos; aguardam intervenção do governo para dinamizar o local. Mas Mucuto faz-se aqui mesmo muitas vezes e por variados motivos. A descida é mais leve, estão já mais mulheres e crianças sentadas no telheiro. Cumprimentamos, trocam-se piadas! Retomamos a viatura, que se porta muito bem sem precisar de tração, com os nossos 3 acompanhantes, mais outro que pediu para levar um filho doente; paramos mais à frente, a mãe está com a criança no meio da machamba, ao colo, uma mama enorme de fora, entrega o rapaz ao marido e retomamos o percurso; deixamos o chefe e os 2 acompanhantes em casa; seguimos até ao alcatrão e paramos mais à frente para comprar água; não trouxemos nada, mal prevenidos! Rápidamente estamos em Nampula, virando à esquerda para ir almoças aos Montes Nairuco, em direcção a Rapale.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Porque aconteceu ?

“Na cosmovisão macua, a doença, a par das restantes desgraças (adversidades na caça, má colheita, dificuldades nas viajens,pouca sorte nos negócios, desastre matrimonial e outras desfeitas), tem sempre uma causa directa, que deve ser descoberta para se poder curar. Por isso mesmo, é preciso investigar em duas direcções:

a) No próprio doente: alimentação nociva, falta de higiene, não cumprimento dos deveres do próprio estado, transgressão de uma lei ou violação de uma norma moral da sociedade;

b) Em outras pessoas: intervenção punitiva e mística dos antepassados, acção funesta de um agente malvado dotado de poderes extraordinários, inveja, ciúmes ou vingança de outros individuos.”

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Miyo kokhuma o Namuli

“Doença e cosmovisão


Existe uma íntima relação entre a doença em si, o doente e a sociedade, dentro da visão que o macua tem da realidade. Nesta sociedade não se pode considerar a doença como uma parte isolada dos restantes componentes, ou como um assunto particular do indivíduo, sem nenhuma outra incidência social. A doença aparece no indivíduo como ser complexo e membro de uma família e de uma sociedade. Por isso o macua vive a doença na profundidade do seu ser, sentindo-a como ruptura de equilíbrio das suas relações com a restante sociedade. Quando está doente sente a doença como uma desordem existencial profunda e luta para restabelecer a harmonia. Como doente, dirigirá os seus passos numa tríplice direcção, família, sociedade e natureza, de forma a superar positivamente a prova e evitar o perigo de morte que toda a doença traz consigo. Recorrerá às componentes essenciais da sociedade (Deus, antepassados, família e restante sociedade), para ultrapassar a agressão existencial e passar de doente a pessoa saudável, apoiar-se-á em elementos profanos (alimentação e higiéne), místicos (ritos, proibições, tradições e prescrições) e comunitários (família e sociedade em geral); com o seu apoio, não se sentirá só e abandonado no sofrimento. Pelos ritos de cura, o doente entrará em contacto directo com os elementos essenciais da cosmovisão e com os valores culturais fundamentais da sociedade a que pertence: a vida como valor supremo, considerada dinamicamente em movimento de acção e renovação; Deus, que é a fonte e que dá consistência e unidade a todo o processo; os antepassados, medianeiros da vida e, por isso, da saúde; os membros da sociedade, na medida em que a vida e a saúde só se podem obter com todos eles em relação e harmonia. E, como pano de fundo, frágil e transparente, as referências ao mito de origem (o monte Namuli), pois aí se deu a primeira passagem. Diz a tradição:
MIYO KOKHUMA O NAMULI (Eu venho do monte Namuli)."

Miyo kokhuma o Namuli



“Doença e cosmovisão


Existe uma íntima relação entre a doença em si, o doente e a sociedade, dentro da visão que o macua tem da realidade. Nesta sociedade não se pode considerar a doença como uma parte isolada dos restantes componentes, ou como um assunto particular do indivíduo, sem nenhuma outra incidência social. A doença aparece no indivíduo como ser complexo e membro de uma família e de uma sociedade. Por isso o macua vive a doença na profundidade do seu ser, sentindo-a como ruptura de equilíbrio das suas relações com a restante sociedade. Quando está doente sente a doença como uma desordem existencial profunda e luta para restabelecer a harmonia. Como doente, dirigirá os seus passos numa tríplice direcção, família, sociedade e natureza, de forma a superar positivamente a prova e evitar o perigo de morte que toda a doença traz consigo. Recorrerá às componentes essenciais da sociedade (Deus, antepassados, família e restante sociedade), para ultrapassar a agressão existencial e passar de doente a pessoa saudável, apoiar-se-á em elementos profanos (alimentação e higiéne), místicos (ritos, proibições, tradições e prescrições) e comunitários (família e sociedade em geral); com o seu apoio, não se sentirá só e abandonado no sofrimento. Pelos ritos de cura, o doente entrará em contacto directo com os elementos essenciais da cosmovisão e com os valores culturais fundamentais da sociedade a que pertence: a vida como valor supremo, considerada dinamicamente em movimento de acção e renovação; Deus, que é a fonte e que dá consistência e unidade a todo o processo; os antepassados, medianeiros da vida e, por isso, da saúde; os membros da sociedade, na medida em que a vida e a saúde só se podem obter com todos eles em relação e harmonia. E, como pano de fundo, frágil e transparente, as referências ao mito de origem (o monte Namuli), pois aí se deu a primeira passagem. Diz a tradição:
MIYO KOKHUMA O NAMULI (Eu venho do monte Namuli)."

Miyo kokhuma o Namuli


“Doença e cosmovisão

Existe uma íntima relação entre a doença em si, o doente e a sociedade, dentro da visão que o macua tem da realidade. Nesta sociedade não se pode considerar a doença como uma parte isolada dos restantes componentes, ou como um assunto particular do indivíduo, sem nenhuma outra incidência social. A doença aparece no indivíduo como ser complexo e membro de uma família e de uma sociedade. Por isso o macua vive a doença na profundidade do seu ser, sentindo-a como ruptura de equilíbrio das suas relações com a restante sociedade. Quando está doente sente a doença como uma desordem existencial profunda e luta para restabelecer a harmonia. Como doente, dirigirá os seus passos numa tríplice direcção, família, sociedade e natureza, de forma a superar positivamente a prova e evitar o perigo de morte que toda a doença traz consigo. Recorrerá às componentes essenciais da sociedade (Deus, antepassados, família e restante sociedade), para ultrapassar a agressão existencial e passar de doente a pessoa saudável, apoiar-se-á em elementos profanos (alimentação e higiéne), místicos (ritos, proibições, tradições e prescrições) e comunitários (família e sociedade em geral); com o seu apoio, não se sentirá só e abandonado no sofrimento. Pelos ritos de cura, o doente entrará em contacto directo com os elementos essenciais da cosmovisão e com os valores culturais fundamentais da sociedade a que pertence: a vida como valor supremo, considerada dinamicamente em movimento de acção e renovação; Deus, que é a fonte e que dá consistência e unidade a todo o processo; os antepassados, medianeiros da vida e, por isso, da saúde; os membros da sociedade, na medida em que a vida e a saúde só se podem obter com todos eles em relação e harmonia. E, como pano de fundo, frágil e transparente, as referências ao mito de origem (o monte Namuli), pois aí se deu a primeira passagem. Diz a tradição:
MIYO KOKHUMA O NAMULI (Eu venho do monte Namuli)."

domingo, 14 de agosto de 2011

Há lugares

Subi hoje ao penedo sagrado de Marrere, bem perto do antigo mosteiro cristão, actualmente hospital. No intervalo entre nuvens de chuva e sol forte, dirigi-me ao sopé e com cuidado com as cobras, iniciei a ìngreme escalada. Algumas pedras e terra solta, minhocas médias brancas de mortas e secas, como as folhas grandes. Queimaram o capim há pouco tempo. Acelero a respiração e o pulso. Passa um ar fresco. Lage de granito, muito lisa mas rugosa, desenhada em linhas curvas fluidas, grão fino, branco, negro e rosa. Algumas pedras enormes, rachadas. Passo a àrea assinalada pelos médicos tradicionais, com panos brancos pendurados da árvore caduca. Contorno o cume pelo Norte. Agora há que utilizar as mãos. O bando de corvos, negros e brancos, faz um voo razante. Mais um esforço, três saltos, estou no topo do rochedo. Paisagem bela, algumas serras espalhadas e eizelbergs dispersos nos 360º do horizonte; Nampula ao fundo, prédios, torres, coberturas metálicas; de resto, florestas de cajueiros e mangueiras espalham-se em vales e chãs em todas as direcções; algumas machambas, com bananeiras. Um cemitério a Norte, isolado entre as árvores. Sento-me. A Sul ouvem-se os coros das mulheres.

Cantigas ao desafio

“Gostaria de escrever
Meu romance até ao fim
Com fundamento concreto,
Se conseguisse poder
Encontrar-me sempre assim,
Para o fazer bem completo.

Uma história que é evidente
Quer seja ou não em poesias,
Sempre que é digna de apreciar;
Como a que temos presente,
Completa sem fantasias
Nem preceitos de enganar.”

Cantigas ao desafio

“Gostaria de escrever
Meu romance até ao fim
Com fundamento concreto,
Se conseguisse poder
Encontrar-me sempre assim,
Para o fazer bem completo.

Uma história que é evidente
Quer seja ou não em poesias,
Sempre que é digna de apreciar;
Como a que temos presente,
Completa sem fantasias
Nem preceitos de enganar.”


terça-feira, 9 de agosto de 2011

What is it?


“A Pré-História


No vasto território que o povo macua ocupa hoje, no norte de Moçambique, há importantes estações arqueológicas e de arte rupestre, que testemunham a presença na região, em tempos passados, de povos antigos antes da chegada dos macuas (bantus). Os primeiros habitantes da região foram os povos Khoi e San, descendentes de homens de Grimaldi e dos Boskop. A arte rupestre e as estações arqueológicas encontradas na região poem em evidência a presença de povos com mentalidade distinta, em épocas muito distantes, e são vestígios do Paleolítico (a estação de Riane), de uma escrita hieroglífica primária (a estação de Campote, no Niassa) e de agricultores com mentalidade neolítica (estações de Nacavala, Murrupula e Mogovolas, em Nampula).”

“Séculos XV-XVIII: Os estados afro-asiáticos da costa e os regulados macuas


Os Árabes introduziram entre os macuas intercâmbio de produtos em larga escala, novas técnicas agrícolas, novas espécies de plantas e o comércio de escravos.
Obrigados a defender o seu território e querendo controlar por si próprio o comércio do marfim e o tráfego dos escravos, estabeleceram-se uniões e mini-alianças entre os vários grupos clânicos, aparecendo, deste modo, aquilo a que podemos chamar de confederações de clãs. É o caso dos Chacas, Erati e Meto, no vale do rio Lúrio; e dos Namarróis, mais a Sul do território macua.”

Entre alguns chefados macuas e os pequenos reinos afro-asiáticos da costa estabeleceram-se alianças baseadas no comércio de produtos e no tráfico de escravos. Começou desta forma o capítulo mais trágico da história do povo macua: a escravatura. Sobre a escravatura entre os macuas foram levantadas várias hopóteses e feitas diferentes interpretações; entre os Macuas-Meto, existiriam clãs de homens livres e clãs de escravos; outros falam de escravatura doméstica. Seja qual for a interpretação preferida, tanto uma como outra falam de dominação e exploração do homem pelo homem, de homens superiores e homens inferiores, de homens que não são pessoas, pelo que podem ser vendidos, e são-no de facto, como qualquer outro produto ou objecto, podem inclusive, ser mortos impunemente. Existe, numa palavra, a escravatura, praticada por eles e por estranhos. Um capítulo da sociedade macua, que continua aberto ao estudo: quais as causas profundas e as consequências históricas deste fenómeno – é o que falta apurar.”

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Bye bye Zambézia, Hello Nampula

Mais uma grande mudança, em curso. Depois de jantar na Pizaria na sexta-feira, um copo no Kopus. De manhã, pequeno-almoço de ovo estrelado, salada, batata frita, sumo natural de fruta e café. Partida pelas 10h, paragem no Molocue para água e amendoins (ia para baixo o homem da camioneta que fez a mudança), encontramos o M. que se cruzou na estrada vindo de Macomia, 3 controlos da Polícia, 1 mandou parar, olhou e mandou seguir, chegada a Nampula pelas 17h, quase noite. Receção sem problemas. Hoje foi levantar na calma e começar a arrumar as coisas. Batuques na varanda; festa à saida da cidade para Nacala, num grande quintal com telheiro, boa comida, muita salada. Compras na loja de conveniência, casa, começar a rever os papeis, fazer plano imediato, mandar mensagens, telefonar. O apartamento está no centro da cidade, ATM ao lado da porta, café a 500m, Catedral (torres) à vista; a varanda e as janelas dos 2 quartos debruçam-se sobre outros predios, um pouco de horizonte rasgado; os aviões passam por cima; para trás, prédios e mais um em construção; totalmente urbano – grande mudança para mim.

terça-feira, 12 de julho de 2011

No Ralo

Terça-feira à tarde, nada para fazer. A chuva tropical caiu muito pesada durante toda a manhã, parou há pouco. As crianças iniciam já as brincadeiras mexidas e as canções no terreiro molhado em frente à casa, descalças. Está fresco. Ouve-se uma motorizada a passar, os patos a grasnar, as rãs a coaxar, um zumbir discreto da cidade ao longe. Passa um camião pesado e estremece a situação, gane um cão. Um galo cocorica. O céu está coberto, de nuvens cinzento esbranquiçado, agora mais claro. As folhas das palmeiras não mexem, quase uma palha.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Religiões Africanas

“O primeiro sentido na iniciação deve ser situado em tudo o que concorre para dotar o crente dos conhecimentos teóricos e práticos relativos à sua fé. Alguns dos conhecimentos veiculados pela iniciação são quase da ordem do profano. Outros são considerados sagrados e a sua comunicação é cuidadosamente protegida. Esta iniciação não está ao alcance de qualquer um. A iniciação é ocasião de um comércio com as forças numinosas transcendentes, cuja manipulação depende de conhecimentos elevados e cuja abordagem assenta fundamentalmente num acto de fé.”

“A noção africana de família engloba também e sobretudo os vivos e os mortos. Assim, para cada homem-pessoa africano, o triunfo na vida não se limita ao êxito social, antes deve prolongar-se para além da morte. Tanto de um lado como do outro, a família é, assim, uma via obrigatória.”

“As crenças religiosas negro-africanas não contêm a ideia de um fim do mundo.”

terça-feira, 5 de julho de 2011

Let's go!

Saio do Hotel em Maputo depois do pequeno almoço, já tarde, compro escovas limpa parabrisas (800 Mt), triangulo reflector (100 Mt), colete reflector (100 Mt), sandalias (200 Mt). O trânsito está carregadíssimo na saída da cidade para a N1; dezenas de mercados, barracas, chapas, pessoas em movimento e gente por todo o lado; passo o novíssimo Estádio Nacional do Zimpeto, muito lentamente, com muita PRM, por todo o lado, de poucos em poucos km fazendo stop aos chapas; sou parado, pede documentos; um pouco de conversa, está a andar, sem problema. Quando saio da zona de urbanismos em curso, paro para mijar; continuo a respeitar escrupolosamente os limites de velocidade estipulados nos sinais, antecipadamente; de vez em quando, acelero um pouco. Atravesso a Província de Gaza, muitas manadas de bois, paisagem verde ondulante, faz lembrar o filme do Shaka Zulu. Passo Manhiça, com o seu centro de Investigação em Saúde (paragem extemporanea no Shopright onde compro açucar castanho e batatas fritas) e paro depois em Xai-Xai (chamuças e cerveja), logo a seguir à passagem sobre vastas terras inundáveis e o largo Rio Limpopo. A capital de Gaza não é grande. Fachadas de arcadas antigas e pouco mais; rés-do-chão e primeiros andares; volto ao caminho e aparecem vários rapazes com arcos e flechas, pequenos, decorados a cores – travo rápido e adquiro o objecto longamente procurado! Mais um pouco e saindo à direita em 5 km de pista de areia, uma especie de primeirinha TT nesta trip, ladeio uma enorme lagoa de água azul e chego a Chidenguele, com cerca de 350 km de percurso, já quase ao anoitecer. Altas dunas cobertas de mato e floresta baixa, mar azul forte. O local é muito agradável, com piscina de água azul iluminada, alojamento simples mas com bom gosto, bar restaurante acolhedor (Paraíso de Chidenguele). Desço à praia, vento forte e frio, até à linha das ondas potentes, do céu tão extra estrelado, não consegui localizar o Cruzeiro do Sul. As habituais dificuldades de rede, agravadas, impedem chamadas. Jantar bastante agradável, peixe, batata frita, salada, cerveja, uma mesa de turistas americanos e sul-africanos; vou deitar muito cedo, ao quente. Está bem frio aqui!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

de Gaza a Vilanculos

Acordar cedo, duche de água quente. Depois de arrumar mais ou menos os sacos, tiro algumas fotos na praia – estreita, a perder de vista, areia branca, ondas azul forte espumado de branco. Está frio. As dunas, cobertas de mato, medem mais de 15 m de altura. Surf a aquecer, saio do Lodge e percorro a pista de areia estreita de mato entre as dunas, saindo com calma de Chidenguele, de regresso à N1. Passo Quissico, carne de Gazela à venda, também ratazanas enormes, ao longo da estrada muito boa e bem sinalisada; até Inharrimine (paisagem de enormes lagoas – mar azul índico, istmos e peninsulas verdes escuro e castanho) e por fim até ao cruzamento de Maxixe, onde viro à direita, Este, em direção do mar, para Inhambane. São mais uns 20 km até à cidade, muito calma ao Domingo; atesto o diesel (são já 536 km de viajem) e dou a volta ao burgo, igreja, mesquita, marginal, porto (para Maxixe), quartel, mercado, escola, estação de caminhos de ferro (sem comboios); entro em um restaurante com uma decoração afro, mas não tem ementa de jeito; paro num dos únicos bares abertos para comer no centro, na rua principal, sentado à sombra na esplanada. Muitas conversas entre as 3 mesas, duas mulheres machanganas, mãe e filha, sobre a sopa fria; 4 homens e 1 mulher, sobre a conta da despesa com o empregado; muita gargalhada, entusiasmo, exaltação e ponderação. Pouco depois da saída da cidade aparecem os vendedores de potes, enormes. O quadro de formas redondas cor de barro é sedutor. De regresso à N1, para Norte, temos Massinga, Mavanza, até ao cruzamento de Vilanculos, mais 21 km à direita para o mar, piso irregular. Chego de noite e depois de perguntar a uma moça simpática vou direito à Pensão Central (em remodelação e ampliação) mesmo ao lado: carro guardado, quarto kitch sem WC; WC no corredor em frente, trazem água quente e fria em baldes: 950 Mt. Tomo um banho de “Caneca”! Lanço Baygon no quarto e saio de carro para dar uma volta à procura de um restaurante na Vila; não descobro nada de interessante, está tudo meio apagado e acabo por voltar à Pensão onde já sabia que se podia comer. Boa garrafeira, poucos clientes, peixe bem servido bastante saboroso, demorou mas soube-me a ginjas. A televisão vai apresentando umas brasileirices sobre obesidade mórbida. Mas a comida está mesmo boa e a conversa vai rolando. Não vale a pena mais nada, é só pagar e Xi-Xi cama!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Para casa


Levantei às 5h para sair, ainda escuro, aqui não há mata-bicho: carro coberto de cacimba, hoje vai ser uma longa viagem. Levanto cash no ATM e viro na direção da praia. Marginal de terra, linha de casuarinas e acácias, nascer do sol em prata dourada, avistam-se bastantes barcos à vela ao longo da praia estreita e longa; ao longe (não muito) 5 ilhas identificáveis, com uma espessa camada de verde, quase planas. Regresso à N1, tenho ainda água, sumo de laranja e castanha de caju, vai-me aguentar algum tempo; o piso está em mau estado e a velocidade diminui mas pouco depois, a Norte, passo a grande ponte metálica sobre o Rio Save, fronteira simbólica entre o Sul e o Norte do País, limite das Províncias de Inhambane e Sofala. Aqui já houve grandes peripécias de guerra e posse! Alguns soldados, alguns polícias, conversam tranquilamente sentados. Pago a portagem, 20 Mt. Tranquilamente, passo sem qualquer reparo e tiro umas fotografias. Do outro lado, um longo troço de floresta não muito expessa, re-atesto o gazóleo em Muchungue (vou com 1.105 km), compro um arco e 4 flechas, tangerinas e laranjas; aparece entretanto a placa indicando entrada na Província de Manica; finalmente à esquerda no horizonte, muito ao fundo, o pico do Monte Binga destaca-se na cordilheira oeste. Mas está muito fumo no ar e vê-se mal. Chego ao cruzamento de Inchope, sempre a andar, estou outra vez em Sofala, passo Gorongosa, atravesso incêndios de mata mesmo em cima da estrada e paro para apreçar as batatas num pequeno aglomerado de barracas e vendedores; mas está caro. Retomo o volante e acelero; passando Matondo um galo lança-se na roda da frente da esquerda, mantenho a velocidade – aqui dizem que se deve parar para pagar o galo, se não haverá feitiço, mas eu, sem abrandar, rápidamente chego a Caia para parar finalmente e atestar de diesel (1.568 km até aqui, tenho um consumo médio de 10,2 l de diesel por 100 km, o que não é nada mau), mijar e tomar um café. Várias crianças estão a pedir, um vende pequenos pilões de madeira castanha brilhante. Retomo a passagem da Ponte Emilio Guebuza, lentamente, pago 100 Mt de portagem, olhando ao longe sobre o vastíssimo Rio Zambeze. Entro na Zambézia, passo a tabuleta do Cuácua Lodge ao fundo á direita, paro no Zero para comprar mel na cooperativa dos apicultores de Morrumbala e Mopeia. A miudagem reune-se a apreciar. Arranco mas a estrada está cheia de pessoas e bicicletas com enormes sacos de carvão, tem curvas e pontes, atravessa muitas “aldeias rodoviárias”, barracas; muita gente a cruzar a estrada e já é noite quando chego a Nicoadala. Sigo para Quelimane, mais 30 minutos, para chegar a casa aos 1.785 Km. Cansado, mas muito bem!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Religiões da África Negra

Em África, o homem é essencialmente concebido como uma pessoa, isto é, como uma síntese dinâmica de um conjunto de componentes de proveniências e destinos diversos. Dessas componentes, a primeira é o sopro, por toda a parte reconhecido como obra exclusiva do Criador. Chamado émi entre os Iorubas e gbigbo entre os Fons, o sopro não é apanágio exclusivo do ser humano. É a marca do que é vivo e une numa verdadeira comunidade todos os seres vivos, tanto os animais como as plantas.

Segunda componente da pessoa: o corpo. Pela sua materialidade, o corpo é o elemento mais tangível da relação com outrem e, em especial, com os progenitores. Habitáculo do sopro e ao mesmo tempo receptáculo de todas as influências susceptíveis de afectarem o homem, ele é a principal fonte da acção do humano sobre si mesmo e sobre o seu meio.

As componentes imateriais do homem são: éda, entre os Iorubas, o “homem-mesmo”, a sua ligação directa com o Ser Supremo; okan, o coração; iku, morte; kpori, cabeça interior invisivel e essencial.

Além destas componentes comuns, o homem pode ter componentes específicas, cuja aquisição é própria de um indivíduo ou de um grupo: Oduifá, os signos primordiais; Ogum, feitiço; Adjé, feitiçaria; Tohossu, vítima.

Ao exceder a consciência individual, a pessoa revela-se ser um espaço em que o grupo pode intervir tanto como o próprio ego. Este é um dado essencial do estatuto do ser humano no pensamento africano, fundamentalmente o de “ser em relação”.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Religiões Bantu

Na religião Ioruba, quando aprouve ao Ser Supremo (Olorum) criar o mundo (Aié), foi a Oduduá que confiou essa importante missão. Em língua iorubana o nome genérico dos deuses é Orixá. Assim, Oduduá, que recebeu do Ser Supremo a missão de criar o mundo, é um Orixá, tal como Obatalá, que recebeu ordem para dar forma aos humanos.

Na religião Fali, na origem do mundo acham-se um ovo de tartaruga e um ovo de sapo. O primeiro homem foi To Dino, que por ocasião da segunda descida à terra, tomou a forma do ferreiro.

Na Religião Dogom, Amma é o nome que dão ao Ser Supremo, Deus, criador de todas as coisas. Na origem de todas as coisas achava-se o ovo de Amma. Os primeiros homens foram formados no céu, como os quatro pares de deuses, os Nonno anagonno.

Como é que os Bantos Designam Deus? Nas línguas bantos, línguas com classes, que repartem a totalidade do real por um número limitado de classes reconhecíveis, existem quatro classes de seres: o ser-substância de inteligência (o homem); o ser-substância sem inteligência (a coisa); o ser-localizador (lugar-tempo); o ser-modal (maneira de ser ou acidentalidade). O primeiro sinal distintivo do Ser Supremo é o ser declarado como não pertencente a qualquer das classes usuais de seres. Para os Bantos, o Ser Supremo ou Deus, afirma-se transcendente porque está fora das classes, acima das classes, antes de todas as classes.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Confucionismo será uma religião?

O neoconfucionismo, rejeitando a tese de Xunzi (325-255 AC), que defendia que a natureza humana está em excesso viciada pelo egoísmo para que nela apareça ainda a espontaneidade do Bem original, reivindica a herança da doutrina de Mêncio (385-304 AC), para quem, pelo contrário, a prova de que a bondade natural não se desvanece nunca por completo no mais fundo do coração humano, está em que ninguém verá nunca sem emoção uma criança cair a um poço (Léon Vandermeersch, O Confucionismo, As Grandes Religiões do Mundo, Jean Delumeau, Editorial Presença, Queluz de Baixo, 2002).

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Manas...



10, 9, 8, 7, ...



O dia amanheceu com muito sol e céu azul claro. Existem movimentos de reivindicação autonomista na Argelia, por parte dos Berberes (Kabiles e Tuaregs), e que aparentemente se preparam mudanças de vulto no regime. Será “do mal o menos”? Fiquei bem disposto, claro.Fui buscar 5 sacos de arroz em Namacata e transportei-os para Nicoadala. Ainda sem notícias de Maputo. Compras, fazer o jantar: bifes com esparguete e salada. A X. há-de vir, o A. há-de comer. A Z. reivindica os seus valores culturais (família alargada), o A. também. Pela leitura dos jornais, entre Taoismo e Confucionismo (As Grandes Religiões do Mundo), aparecem alguns escândalos políticos e algumas coisas interessantes.


Junios, ou outros...o que conta de facto é o ritmo...entre as músicas e os stars sul africanos introduzidos pelo A., as recolhas da Tanzania, Malawi e Zimbabwe, falta ainda os lock in (gravações no mato) locais. RTP África, punhetas de políticos decrépitos, quem quer saber das cortesias dos boys do PS? Depois de um ótimo jantar, com discussão étnico-linguistico-cultural, bazámos para o Kopus, com DJ extra out, girls realidade e Etxwabo Xíntoista. Dasafia qualquer multiculturalidade. Namoradas à força. Díficil resistir. Mas, sem stress, segue-se o caminho. Um SAm, um etxchwabo, um portuga, um ronga, uma moçambicana da tribo branca, um portuga nascido em Gurue, cá fora. Dois russos, 2 chineses, 2 moçambicanos e 3 moçambinanas lá dentro. Noite na marginal de Quelimane, tranquilamente mareada.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A caravela de granito encalhada

A construção da caravela de granito

A faixa ocidental da península Ibérica apresenta 3 núcleos culturais, separados de norte a sul pelo rio Douro e pelo sistema Tejo – Sado, bem individualizados desde a pre – história. Cerca de 700 anos antes de Cristo, no Bronze final, as 3 pertenciam a um grupo individualizado a nível continental, o Bronze Atlântico, com predomínio da cultura Celta.

A ocupação pelo Império Romano, instalou um sentimento de derrota e de esperança nos vencidos, ligando verticalmente as 3 regiões pelas vias e pela língua, o latim.

Os galegos, lusitanos e futuros portugueses, herdaram um sentimento de perca, transmitido pelo mito da morte de Viriato, que fazendo parte da mitologia Celta, tão bem ilustrada pela lenda do Rei Artur, ou mais tarde reinventada para a batalha de Alcácer Quibir e a morte de D. Sebastião, prevê o regresso do Mestre do outro mundo, revigorado para o bem do seu povo.

As comunidades humanas residentes no noroeste da península ibérica, têm resistido ao longo dos últimos 3 milénios às sucessivas vagas de invasão civilizacional, conseguindo após um período de tempo variável, a recriação de modelos sociais contendo arcaísmos próprios. Esta capacidade de resistência à inovação, limita as influências externas, positivas e negativas, dificultando a projecção dos territórios numa dinâmica de futuro sustentável.

È do extremo Norte desta faixa Ocidental que se lança a Reconquista em 800, criando um novo modelo administrativo do território suportado pelas divisões religiosas e pelos mosteiros e Igrejas.

Após 300 anos deste Feudalismo, um sobressalto familiar, um erro histórico, uma falha na construção da caravela de granito, o Condado Portucalence separa-se da Galiza. Os organizadores administrativos do processo separam-se do resto do barco, ficando confinados ao “Convés dos Oficiais”. De facto foi a luta interna no próprio sistema administrativo da Igreja que motivou esta cisão. Se entre 800 e 1.100 Santiago de Compostela representava o grande polo mobilizador da reconquista cristã, das peregrinações e das cruzadas, a partir de então, o ressurgimento de Braga com direitos “metropolitas” herdados do início do milénio precedente, veio disputar uma nova área de influência, em dioceses que se estendiam até Mérida. Foram assim disputas de interesses materiais (fundiários, patrimoniais e de influência) entre membros da Igreja Católica, que separaram Portugal da Galiza.

Os novos oficiais, em 200 anos ocupam toda a faixa até ao Sul Atlântico, dando por terminada a construção da “Caravela”, com o apoio das Ordens Religiosas Militares. Em 1254 decorre a primeira experiência parlamentar no Paço do Castelo de Leiria (antes da “invenção” Inglesa). Afonso III, em 1275, tinha montado com certa habilidade política o aparelho burocrático em que assentava a centralização régia. O cuidado administrativo permitiu-lhe aumentar os rendimentos da coroa e, por isso, sustentar um corpo de servidores cheios de zelo que assegurava a eficiência da máquina estatal por ele construída.

“O velho Portugal esteve ligado aos cuidados de construção interior, na primeira dinastia até ao D. Dinis, interessado em crescer, em ser, em afirmar-se” (Agostinho da Silva).

D. Dinis, o grande projectista concebe a construção do Paraíso na Terra, o reino do Espírito Santo: organizando a produção agrícola e distribuindo terras, plantando florestas para a produção de madeira, construindo barcos e organizando as confrarias de artífices, fundando uma universidade assente no aprender, enviando pessoas para estudar no estrangeiro, implementando os rituais do espírito santo na igreja católica, imagina um caminho de descoberta universal e de cooperação humana global.

D. Dinis, filho de Afonso III, começa a reinar em meados de 1278 e terá até ao fim da sua vida desenhado o país de hoje, a caravela de granito posicionada no quadro global (relações com reinos não peninsulares) e regional (política peninsular) com a sua organização interna de oficiais, marujos e outros (política de nacionalização). A obra é impressionante.
1. Relações com os reinos não peninsulares
o A expansão do comercio português em direcção ao Atlântico Norte materializou-se na realização de um Tratado de Comercio com o Rei Eduardo III de Inglaterra (1308) e com a obtenção de uma Concessão Colectiva aos mercadores portugueses de Harfleur, França, por Filipe IV, o Belo (1310).
o D. Dinis confirma a Bolsa dos Mercadores que trabalham na Flandres, Inglaterra, Normandia, Bretanha e La Rochelle e protege também os comerciantes portugueses na Inglaterra e Aragão.
2. Política peninsular
o Na península, Portugal subsiste como reino verdadeiramente independente no âmbito da Hispânia. O tratado celebrado fixou até aos nossos dias a demarcação territorial entre Portugal e Castela, considerada a linha de fronteira mais estável da Europa. D. Dinis construiu ou reparou os castelos fronteiriços, aperfeiçoou o exército e o equipamento militar necessário à defesa, e reorganiza administrativamente as cidades de fronteira.
o O Rei de Portugal é considerado como um interlocutor essencial e com autoridade política respeitada por todos.
3. Política de nacionalização
o Criação de um exército operacional, instituindo a obrigação de cada Concelho de fornecer e armar uns tantos “besteiros” (“besteiros do conto”).
o Criação dos Coutos de Homiziados (1308), para cumprimento das penas por crimes em lugares com importância militar perto da fronteira, permitindo assegurar a defesa dessas zonas quando pouco povoadas.
o Criação de uma força naval e de uma armada militarmente eficaz, capaz de combater a pirataria sarracena. A criação desta grande frota marítima beneficia da aplicação do dízimo dos rendimentos de todas as igrejas do reino, que o Papa concedeu ao Rei em 1320 para combater os muçulmanos.
o Torna independentes de províncias não portuguesas (“nacionalização”) as Ordens Militares que existiam em Portugal (Ordem de Sant’Iago, Ordem do Templo) e cria a Ordem de Cristo (1319 a partir da Ordem do Templo).
o Adopta a língua vulgar (Português) nos documentos oficiais de chancelaria (1296), assumindo a predominância do civil sobre o eclesiástico (latim), do profano sobre o sagrado, difundindo o processo de racionalização administrativa através da língua própria do Reino.
o Criação dos Estudos Gerais (estudo geral para toda a gente e geral para todos os estudos), mais tarde Universidade (em Lisboa, 1288 passando a Coimbra em 1309), dispondo de um corpo de clérigos e juristas que pudessem colocar os seus conhecimentos ao serviço da Igreja e da Administração Pública nacionais.
o Protecção dos Concelhos.
o Multiplicação dos privilégios a Feiras.
o Fomento da exploração mineira.
o Secagem de pântanos, desbravamento de matas, fundação de póvoas junto ao mar e na fronteira galega.
o Realiza o primeiro gesto de fomento florestal em larga escala com uma espécie vegetal adequada (Pinheiros Bravos entre Leiria e o mar).
o D. Dinis (o Rei Poeta) casa-se com D. Isabel em Trancoso (1282), a única Rainha Santa de Portugal, que promove um ideal de pobreza pela devoção de inspiração franciscana e que funda casas para a regeneração de mulheres que praticam a prostituição.

Com D. Dinis, “cabeça e começamento do povo todo”, o rei purga-se de peias feudais e impõe-se como chefe de Estado. El-Rei torna-se a palavra-figura polarizadora da unidade e da ordem.

O rumo da caravela de granito

“A economia de Portugal era no tempo de D. Dinís, uma economia de ajuda mútua, uma economia de convivência, de cooperação. As pessoas se juntavam, se associavam sem grandes formalismos, cultivavam em comum, repartiam os produtos, às vezes em economia de mercado, outras vezes de outra maneira. Aquilo que se tem chamado comunitarismo agro-pastoril, florestal e talvez até marítimo é o que aparece como característica nítida de uma economia portuguesa na Idade Média, sobretudo naquilo a que podemos chamar a economia da grande massa da população, a economia do povo. Se podemos pôr como característica fundamental da economia portuguesa da Idade Média, no seu sector povo, que era o maior em número (mais de 98%), a convivência, a cooperação, a fraternidade, que não só ficou em Portugal, mas, por exemplo, se transportou ao Brasil com o mutirão e o batalhão. Tem mais de vinte sinónimos o que mostra como se espalhou pelo Brasil. Quando uma coisa nova se espalha, os sinónimos são muitos. È o caso do mutirão ou batalhão, que é uma forma de economia colectiva e que hoje o estado Brasileiro aproveita muito. O rei era um rei que procurava coordenar as repúblicas municipalistas e que exercia pela sua coordenação e pelas reuniões de corte um poder democrático.” (Agostinho da Silva)

“Portugal levava para os descobrimentos um espírito composto e multiplicou-se em vários corpos. Espírito composto de um amor apaixonado pelo imprevisível, a que eles chamavam Espírito Santo, a figura do imprevisível na terra, e por outro lado uma infinita capacidade de albergar os contrários. Então os portugueses chegam à Guiné e o corpo de Portugal casa com o corpo de Africa, o qual tinha um espírito. Depois em lugares que estavam despovoados, por exemplo os Açores. Há uma partida de Portugal logo no tempo do Infante D. Henrique, em que saem de Portugal homens que vão fundamentalmente ser o melhor de Portugal fora dele.” (Agostinho da Silva).

O Bodo é o culminar das festividades realizadas entre os Domingos de Páscoa e de Pentecostes em honra do Divino Espírito Santo e simboliza a partilha entre os homens. Em Portugal, foram D. Dinis e a rainha Santa Isabel os monarcas inauguradores deste cerimonial religioso. Reza a tradição que a primeira cerimónia deste culto se realizou na Sé de Coimbra e que dela constou a coroação simbólica de um mendigo, seguida da distribuição de alimentos aos pobres, ou seja, do Bodo.

A partir desta data, o ritual disseminou-se pelo país e, nalguns locais, sobreviveu até ao presente. Já não se distribuem açafatas de confeitos ou cambos de peixe, como outrora em Pombal. Mas na aldeia de Espírito Santo, em Soure, ainda se compartem por esta ocasião pinhões e bolos; na Batalha, saboreiam-se as ferraduras de limão, canela e erva-doce; e, nalgumas freguesias açorianas, corre o vinho de cheiro e ofertam-se rosquilhas de massa sovada.

“Por volta de 1641, o Padre António Vieira disse que Portugal devia ser o instaurador do Quinto Império, quando Portugal compreendia o Brasil, as Áfricas e muito Oriente, era um Portugal em que havia índios, pretos, chineses, japoneses, malaios e indianos. Pendurada no total do povo, há a questão do Império do Espírito Santo. A coisa mais vasta e profunda que houve em Portugal quanto a uma ideia do futuro a ser instaurado é exactamente essa do Império do Espírito Santo. Vieira tinha a ideia da instauração de alguma coisa de diferente, de final e de pleno, cumpridor da humanidade no mundo, e que isso ia ser feito a partir de Portugal: tratava-se de fazer no mundo o reino de Deus. O Império de Vieira é um império de libertar gente de todas as pressões dos outros impérios, o florescer de todas as comunidades da Terra.”

O encalhamento da caravela de granito

Quando D. Dinis morreu, em 1325, foi-se com ele a escola da literatura galego-portuguesa, ou trovadoresca .

D. Afonso IV, filho de D. Dinis, ficou ligado definitivamente, traço sombrio, à tragédia de Inês de Castro, primeiro crime notório perpetrado em Portugal em nome da Razão de Estado.

Em 1348 a Peste Negra entra em Portugal, prolongando-se em vários surtos até 1497, reduzindo a população de um terço em algumas regiões rurais até cerca de metade nos núcleos urbanos. De 1355 a 1496 surgem inúmeras crises cerealíferas de subprodução, conhecidas como “Fomes”. De 1369 a 1477 travam-se várias guerras civis e contra Castela. Estes factores provocam a penúria demográfica do país.

“Quando Portugal foi para o mar, uma das consequências que teve foi que se desbastou o Pinhal de Leiria. Desbastado o pinhal, a areia entrava e entrou na cabeça e no coração das pessoas. Contemporaneamente à ida para o mar, entraram em Portugal determinadas atitudes. O que se importou como religião na altura em que o país quebra, sobretudo a religião que vai ser confirmada pelo Concilio de Trento, foi a condenação da religião do Espírito Santo. Isso quebrou o país dentro. Os descobrimentos prejudicaram o país, porque passou a ser fácil enriquecer. Bastava ir e pilhar. Toda a gente que não queria fazer nenhum esforço de trabalho resolveu mudar de vida e lançar-se a essa aventura e empresa estatal dos Descobrimentos, e isso levou aqueles que ficam em Portugal a viver daquilo que colhíamos lá fora, portanto a não tomar nenhuma espécie de iniciativa. Dentro do país foi para toda a gente uma coisa desanimadora, não havia nada que incitasse a coisa nenhuma ! D. João II queria imitar o imperador romano, mas o povo não estava satisfeito com um rei desse tipo. E aquilo que fazia não desprender o homem as mãos do leme não era o D. João II, era a memória daqueles reis que tinham sido muito diferentes de D. João II “ .

Em 1411 inicia-se o comércio de escravos pretos da Guiné. Nesta época afirma-se o absolutismo real, a centralização do poder (administrativo e simbólico) e a monetarização da economia (passando a ser fiduciária).

“Portugal, do século XIV para o século XV, muda, há uma crise. Chega aí a Europa para embarcar para o mar, misturando eslavos e germanos com os romanos que tinham sobrado e com os judeus, os cristãos que vinham pregar o Cristo, um caldo pronto a vender ao mundo, numa altura em que Portugal tem navios para levarem a mercadoria por aí fora. Mas a mercadoria queria outros costumes contraditórios com o que tinha sido Portugal até aí. O que a Europa trouxe para Portugal foi, número um, uma economia capitalista, mercantil, de concorrência e de luta. A economia comunitarista dos portugueses foi liquidada por essa chegada de um capitalismo mercantil que vinha da Europa. A Europa trouxe também uma igreja de código, e o português não foi feito para se governar por código, mas antes pela sua imaginação, pelo seu sonho e pela sua vontade. Pela sua capacidade e pela sua vontade de ser total. A religião do culto do Espírito Santo não sobrevive em Portugal a partir do século XVI.“

A história do poder municipal nos séculos XIV e XV é a história da aliança ou divórcio entre monarcas e burgueses. Mais aliança que divórcio. O que significou degradação das autonomias locais e cerceamento da promoção política dos moradores.

Diz-se que os clérigos (1% da população) tiveram uma vida moral péssima nos séculos XIV e XV. E tal parece ter sucedido. Pegando na lista dos sete pecados capitais, diríamos que todos foram bem cultivados, apesar dos assíduos discursos em defesa da excelência das virtudes contrárias.

Para a “nobreza” de 1400, o “proveito fidalgo” virou burguês. Dinheiro. A antiga noção, “proveito – terras – jurisdições”, continuou ainda, sem dúvida. E com grande ênfase. É prestigio, honra palpável. Mas com o cesarismo monárquico, a burocratização da justiça e da administração, a grande mobilidade social e geográfica, a transferência da qualidade de vida para as cidades, a afirmação de uma mentalidade quantitativa que hegemoniza o ter sobre o ser, o apreço cada vez maior do luxo e sumptuosidade no comer, no vestir e no habitar, a compulsão para ter escravos, o pré-capitalismo em fim – tudo isso e muito mais virou a cabeça dos nobres.

O grupo popular, em termos de conflitualidades internas e de relacionamento com os nobres e os clérigos, seguiu a regra geral: divisão, efervescência, salve-se quem puder. Na cidade e no campo. Burgueses contra mesteirais, estes contra aqueles, os de intramuros contra os de arrabaldes, vice-versa também, todos contra os aldeãos e os aldeãos a suportá-los na desconfiança e na inveja, só porque precisavam de subsistir. Uma sociedade de atritos. Que só duas forças parecem manter em equilibrio instável: a necessidade e o medo. Necessidade uns dos outros e medo das justiças; mais das humanas do que das divinas.

A socialidade dos portugueses nos séculos XIV e XV caracterizou-se pelo conflito e a luta. Isso tanto no interior dos grupos como nos grupos entre si. São séculos de crise e de rápida transformação.

No século XV, foi devido ao dinheiro que se esboroaram fronteiras societárias. Começando pelo grupo popular. Os burgueses deveram-lhe o acesso ao poder local e a franquia de espaços de autoridade nacional – como o das cortes, por exemplo. Graças a ele, a mobilidade social estatutária pôde verificar-se rompendo séculos de mentalidade e teoria. Os reis e nobres procuraram-no por todos os meios, não hesitando muitas vezes trocar a cota guerreira pela capa do mercador. A própria guerra cada vez mais têm de pensá-lo antes de se decidir. Nos finais da Idade Média, desde o cabaneiro pagador de impostos múltiplos até aos senhores e aos reis que os colhiam, o dinheiro foi a grande obsessão. Ter ou não ter começou a impor-se como o modo da diferença.

“A Inquisição aparece com vários aspectos. O pensamento do rei D. João III, começado com D. Afonso IV (Inês de Castro) e acentuado por D. João II, possivelmente inspirado pelo processo espanhol, produz a ideia de ter um país forte, um país uno, só com uma voz, que pusesse para fora todos os elementos espúrios; e esse pode ter sido o motor fundamental da Inquisição a par de outros (religiosos e económicos). Isto inclui o abatimento de todos quantos ousavam pensar pela própria cabeça. Como que passou a haver uma mentalidade oficial que todo o país devia seguir.”

Em 1538 a Inquisição inicia a “queima de Hereges” em Lisboa, na praça do Rossio. Os oficiais amotinados, exterminam todos os que pensam diferente, transformando o projecto humanista e universalista num negócio global, da pimenta à escravatura. Os marujos desnorteados, trabalham descoordenadamente ou emigram. A caravela encalhou, a sua velocidade passou a um centímetro por século, a velocidade das placas tectonicas.

(outras referências bibliográficas importantes)
A Pré – História de Portugal.
Antes de Portugal.
O Livro do Desassossego, Bernardo Soares (Fernando Pessoa).

Na caravela de granito encalhada adornando a estibordo contra rochedo bem visível (buraco negro da antiga Olisipo), deparamos com o comandante piloto, morto, caído para o lado direito e amarrado pelos pulsos à roda do Leme, na torre da caravela, o planalto Barrosão; no convés dos oficiais, a Galiza, bebe-se e come-se bem; os oficiais amotinados não querem saber de viajem ou de dirigir qualquer empresa; os marujos desnorteados, concentram-se a estibordo avaliando as possibilidades de naufrágio, alguns remam, outros recolhem velas, outros tratam do cordame.

2002, Novembro: o Director (auto-exonerado) do Centro de Saúde de Montalegre), dá despacho desfavorável ao pedido de requisição da AMI do Dr. Paulo Pires para uma missão de 3 meses na Guiné, Bissau. Desde há muito que me considero escravo (por oposição àqueles que nascem em casas onde todos sabem que nunca precisarão de fazer nada na vida para sobreviver e tudo por prazer ou desprazer). Alugar a força do trabalho é assim uma condição natural. No entanto recuso-me ser um remador acorrentado aos bancos da galé Caravela.

De tudo já fiz um pouco. Quase tudo já experimentei. Conheço o futuro dos projectos, antevejo o desenrolar dos acontecimentos e consigo já prever as situações de bloqueio. Perdeu interesse esta luta de 20 anos pelo desenvolvimento em Trás-os-Montes. As conquistas e os sucessos são muitos, mas não me preenchem as medidas, sobretudo a nível profissional. Conseguidas muitas vitórias, não ganhamos a batalha definitiva: a maré do consumismo individualista invade já o Barroso, a espuma dos resíduos “químicos” molha as fraldas das montanhas e intoxica os seus habitantes.

O projecto de intervenção em Saúde Comunitária, longamente trabalhado, quase materializado na COOPSA, cooperativa de promoção da saúde, parece impossível por perseguição política autárquica – quem acreditava que viviamos numa democracia? Não vale a pena continuar a trabalhar dentro de um sistema ultrapassado, de baixa rentabilidade humana e pouquíssima inteligência. Nem numa comunidade de solidariedade minada, de tristeza inata, de inveja velada.

Eras sobre eras se somem no tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem .

Frases do Mundo

“O facto mais incompreensível no Universo è que ele é compreensível”, Albert Einstein (1879 – 1955), físico e matemático.

“A partir de complexidades intensas imergem simplicidades intensas”, Sir Wiston Churchil (1874 – 1965), escritor e homem de estado britânico.

“Desconhecer aquilo que aconteceu antes de nasceres é permanecer uma criança para sempre”, Marco T. Cicero (106 BC – 43 BC), professor, homem de estado, orador romano.

“Se fiz algumas descobertas de valor, foi mais devido a uma atenção paciente que a qualquer outro talento”
Isaac Newton (1642-1727), matemático e físico inglês.

“Um homem viaja através do mundo à procura do que necessita, e volta a casa para o encontrar”, George Moore (1852 – 1933), escritor, poeta e dramaturgo irlandês.

“Os factos não deixam de existir por serem ignorados”
Aldous Huxley (1894-1963), novelista, crítico e poeta inglês.

“Uma experiência nunca é um falhanço porque serve sempre para mostrar alguma coisa”, Thomas Alva Edison (1847 – 1931), físico e inventor estado unidense.

“O futuro vem devagar, o presente foge e o passado permanece fixo para sempre”, Friedrich von Schiller (1759-1805), poeta e dramaturgo alemão.

“A essência do conhecimento é: tendo-o, aplica-lo; não o tendo, confessar a sua ignorância”, Confucius (551- 479 AC), filósofo chinês.

“O que é passado é prólogo”, William Shakespeare (1564 – 1616), poeta e dramaturgo inglês.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sera dificil perceber

Crises políticas populares nos países do Norte de Africa e na península arábica, crise económica no mundo, mais grave na Grécia, Islândia ou na Irlanda, agora também na Espanha e Portugal (em que eleições antecipadas com campanha já em curso baralham um pouco as ovelhas). Muito descontentamento em muitos países africanos e outros europeus, no Japão mesmo. Onde as economias nacionais, regionais ou intercontinentais estão em crise, demonstra-se o abuso imenso e prolongado do poder (económico, religioso, político, militar) na exploração dos povos e dos recursos naturais. O esbanjamento de riqueza, por muito poucos, em bens de fachada, de estatuto, de velhos e novos ricos, sem qualquer reprodutividade, enquanto milhões de povos, lutam diáriamente pela água indispensável. Podemos passar para a outra margem?

Sera dificil perceber

Crises políticas populares nos países do Norte de Africa e na península arábica, crise económica no mundo, mais grave na Grécia, Islândia ou na Irlanda, agora também na Espanha e Portugal (em que eleições antecipadas com campanha já em curso baralham um pouco as ovelhas). Muito descontentamento em muitos países africanos e outros europeus, no Japão mesmo. Onde as economias nacionais, regionais ou intercontinentais estão em crise, demonstra-se o abuso imenso e prolongado do poder (económico, religioso, político, militar) na exploração dos povos e dos recursos naturais. O esbanjamento de riqueza, por muito poucos, em bens de fachada, de estatuto, de velhos e novos ricos, sem qualquer reprodutividade, enquanto milhões de povos, lutam diáriamente pela água indispensável. Podemos passar para a outra margem?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Celebração de vitória

Saindo da via principal Namacurra – Macuse, viramos à esquerda por uma pista estreita, sinalisada, cheia de buracos com água. Serão cerca de cinco kilometros até ao mar, passando a casa da família do antigo Bispo de Quelimane, o mercado e a ponte. Arrumo o carro em cima da duna e o vento do mar refresca os ânimos. A praia, vastíssima e plana na maré baixa, revela ao longe no Sul um enorme ferry boat encalhado. Um pescador estende o peixe a secar num oleado. Outros, a dois, pescam à rede na zona baixa de rebentação. Barcos pintados e com nome descansam no limite da maré alta. As crianças aproximam-se e trocamos exercícios de tai chi. A água está limpa e com uma temperatura ótima, o banho agrada. Hoje é Domingo, mas os dois carpinteiros navais, muçulmanos, atarefam-se sobre um esqueleto de embarcação, casco meio feito. A linha de casuarinas perde-se no horizonte longinquo, mais a norte, até à ilha fluvial de Maroda. Aí, todos os que nascem, recebem o feitiço: ficam Mukwiri!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Praia só

A água estava ótima, quase fresca e bastante limpa. O mar fartou-se de dar peixe, muito “Pedra”. Na vasta extensão de areia bem plana e lisa, reunem-se ao longe pescadores chegados e compradores de longe. Hoje temos iguaria especial, “nhanhombo” de camarão, caules de nenufares, paladares finos e texturas temperadas de leite de coco.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Exegese

A chuva vai caindo, por episódios, às vezes pesada mas mais frequentemente chuviscos. É já noite escura (18 horas) e não há estrelas. Preparo-me para organisar o jantar, arroz de Leitão com legumes, salada mista. Duas de treta e vamos tomar café à Pizaria. O avião da LAM hoje, excecionalmente, chegou a horas e está a descolar.

Assim vai correndo a espuma dos dias, entre nada e quase zero. Tempo é uma dádiva de “Deus”, ninguém pode reinvidicar. Os temas e as ideias sucedem-se. O pântano absorve todas as capacidades de estruturação. Entre as empresas que adormeceram e as casas que apodreceram, a ausência de interlocutores começa a parecer-me óbvia e até imponente.

Portanto, é preciso tomar uma decisão. Poderá haver um elemento exterior determinante na decisão, não é inabitual, gota de água ou viragem estratégica, essa é a “graça” da vida. Não está fácil! O desperdicio de produtividade para o bem é uma patologia social. Há outras. Mas esta é gritante pelas necessidades reais da população. Pequeno exemplo da dinâmica do pântano.

Baixando ao nível da terra mais terra, duas vezes ao dia invadida pela maré, percebe-se que a raça é unanime na dificuldade da construção positiva; apesar das muitíssimas demonstrações colectivas de solidariedade, altamente promovidas e mediatizadas, o sentido geral è do “diabo”, egoista e estúpido. Já nem falo na Fortaleza Dourada. Não há “Profeta” que os oriente. Não há “Deus “ que os salve!

Predomina o animal: alimentação, segurança e afecto. O que muitas vezes, aqui, é quase impossível de conseguir. Mas a resistência da gente é tamanha. E prossegue, às vezes violentamente, maioritariamente contemplativa e expectante, através de invasores e modas, crises e catástrofes. Existe um caminho melhor? Um percurso seguro? Têm muitos “curandeiros” que adivinham o futuro; são futuros pessoais reais; tem muitos economistas que especulam nas bolsas mundiais; são consequências devastadoras.

A deceção da realidade só pode ter a ver com o nível de expectativa que foi colocado demasiado alto. Por quem? Influenciado pelos avós, pais, escolas e sociedade em geral. Uma toxicodependência inconscientemente induzida para a comercialização de antídotos: profissão, família, consumo. Portanto, trata-se de re centrar a realidade.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tanto que fazer

72 horas de e. learning (TB, Olho vermelho, TARV, Testagem VIH) e leitura de alguns artigos médicos: as redes sociais estimulam a produção de hormona da felicidade, pelo que a dependência produzida pelas redes sociais pode ser o resultado de um processo inteiramente fisiológico (Estados Unidos da America); o comprimento dos dedos indicador e anelar no homem indicam o risco de cancro da prostata, aqueles que tem um indicador maior que o anelar tinham um risco 33% menor de desenvolver este tipo de cancro (Reino Unido); o cancro da orofaringe está a aumentar devido ao sexo oral, provocado pelo vírus do papiloma humano (HPV), o que poderá representar uma importante sobrecarga nos sistemas de saúde; por isso, é reforçada a necessidade de implementação de programas de vacinação HPV em jovens antes que iniciem a vida sexual ativa (Estados Unidos da America, Reino Unido).

É para rir ou para chorar?

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Termómetro

Do Portugal para o Regional: crise económica grave na Grécia, na Islândia e na Irlanda, moderada em Espanha; alguma desorientação na França e na Alemanha, Finlândia agrava. Do Regional para o inter-continental: revoltas populares no Egipto, Tunisia, Libia, Siria, Yemen; manifestações em Barhaim, Marrocos, Tunisia, Moçambique, Africa do Sul, Malawi. Vaga de emigrantes ilegais a chegar na Europa pela Itália e França, a Moçambique e África do Sul, pela Tanzania e Somalia. Conflitos armados no Sudão, no Tchad, na Nigéria, na Costa do Marfim, no Congo. Milhares de populações deslocadas.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Peço a vossa opinião

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Teatro

Fez ontem 37 anos após a Revolução dos Cravos: cravos flores ou cravos espinhos? A situação “económica” e “financeira” do país Portugal está, segundo os “melhores analistas” e respetiva comunicação social, um caos. Muitas frases bem ditas, outras verdades para contar mentiras. Pela terceira vez, o FMI e o BM, desta vez apoiados pelo BCE, estão em Lisboa a “orientar” os políticos locais. Nos municípios rurais as taxas de desertificação documentam o empobrecimento geral. O “estado-ladrão” continua a operar prestigiditações para retirar os dinheiros à população. Estamos num país “moderno”, cheio de auto-estradas, rotundas com fontes luminosas, “explendidos” centros comerciais, estádios de futebol olímpicos, passeios com elegantes guias de granito. O oasis do primeiro ministro Cavaco, as fontes comunitárias, a grande sociedade de consumo e da comunicação, aliados aos mesmos de sempre, conseguiram baixar drásticamente os níveis de humor, harmonia social no território e iniciativa na Caravela de Granito: a re representação do dito encalhamento, originalmente ocorrido cerca do falecimento do Dom Dinis. Sendo o país mais antigo da Europa, possui o sistema político administrativo mais conservador; exemplos Magalhães e Net Público confirmam a inovação na tradição. O dito motim dos oficiais. Há marujos trabalhadores, muito produtivos e inventivos; mas sem o rumo do Capitão, a velocidade mantém-se um centímetro por século (com placa tectonica).

Teatro

Fez ontem 37 anos após a Revolução dos Cravos: cravos flores ou cravos espinhos? A situação “económica” e “financeira” do país Portugal está, segundo os “melhores analistas” e respetiva comunicação social, um caos. Muitas frases bem ditas, outras verdades para contar mentiras. Pela terceira vez, o FMI e o BM, desta vez apoiados pelo BCE, estão em Lisboa a “orientar” os políticos locais. Nos municípios rurais as taxas de desertificação documentam o empobrecimento geral. O “estado-ladrão” continua a operar prestigiditações para retirar os dinheiros à população. Estamos num país “moderno”, cheio de auto-estradas, rotundas com fontes luminosas, “explendidos” centros comerciais, estádios de futebol olímpicos, passeios com elegantes guias de granito. O oasis do primeiro ministro Cavaco, as fontes comunitárias, a grande sociedade de consumo e da comunicação, aliados aos mesmos de sempre, conseguiram baixar drásticamente os níveis de humor, harmonia social no território e iniciativa na Caravela de Granito: a re representação do dito encalhamento, originalmente ocorrido cerca do falecimento do Dom Dinis. Sendo o país mais antigo da Europa, possui o sistema político administrativo mais conservador; exemplos Magalhães e Net Público confirmam a inovação na tradição. O dito motim dos oficiais. Há marujos trabalhadores, muito produtivos e inventivos; mas sem o rumo do Capitão, a velocidade mantém-se um centímetro por século (com placa tectonica).

domingo, 24 de abril de 2011

Gastronomics!

Parte significativa dos dias é dedicada à confecção das refeiçoes chave, o pequeno-almoço e o jantar. De manhã os sumos de fruta (limão, lima, laranja, goiaba, papaia, ananás, manga), frescos e abundantes, as prórias frutas: ananás, banana, goiaba, pera abacate. À noite as saladas, condutos e acompanhamentos, raramente com fruta ou sobremesa. Os convidados variam. Mas a aplicação gastronómica, é sempre a mesma, cronometrada pelo grande relógio da cozinha. Especiarias, algumas, as que há. Azeite sempre. Alho e cebola abundantes. Cores profusas e diversificadas, sempre que possível, sobretudo na salada. Ameijoa, camarão (de água doce ou salgada), peixe, carne de vaca, chouriço, salcichas, raramente porco ou ovos, às vezes galinha cafreal, uma ou outra vez caça. Arroz de legumes, de chouriço ou de ameijoas, esparguete, batatas cozidas ou raramente fritas, fruta pão (como batata). Inovações entram com espigas cozidas, caril de camarão ou de caranquejo, mucuane ou matapa. As saladas sempre com cebola, pimento, pepino, tomate, cenoura, às vezes abacate ou manga (meia verde). O vinho é normalmente branco, mas a cerveja é mais frequente.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

Gaia

Onze minutos, penso, é o nome de um livro. Respostas da Cidade de Nampula a Norte, a coisa está a andar. Matope de Inhassunge, no Centro, a coisa está normal. Vibe Zulu, do Sul, na dança e no som, real e físicamente na onda da área bantu actual e de sempre. Rotinas fazem parte de listas, punições monoteístas, quase a abandonar? Que novas maneiras de estar? O ambiente do ralo, muito húmido, favorece o aparecimento de raízes a partir dos troncos, em direção à terra. Outras, da terra,sobem e envolvem os troncos, preenchendo o espaço de arabescos em verde. Há olhares vivos, por todo o lado, dos petizes, há desafios enormes, há caminhos brilhantes, há pessoas, sem dúvida!? Ontem foi a viagem dos 3 pássaros: o enorme, envergadura magestuosa no céu, castanho beje com pontos pretos, pescoço avançado que com 3 voltas planando vem parar ao lado da pista na terra recentemente engradada; o médio azul vivo fluorescente, esvoaça agitado em paralelo e acaba por desviar-se; o pequeno vermelho escarlate fulgurante, foge rápidamente e certeiro na perpendicular. Será um sinal? Que espíritos irão se pronunciar?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Manhã com nuvens

No Chuabo Dembe, maré bem vazia, chegavam os pescadores nas canoas, com camarão pequeno, alguns caranquejos, pouco peixe miudo. Estendem o produto no oleado e escolhem separando. Depois irá secar por ali mesmo. Por cima os falcões vão planando em espirais elegantes. Um bando de corvos agita os ares com os piares fortes.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Humidade q. b.

Época das chuvas em força, as ruas do bairro na trazeira da casa estão totalmente alagadas, muitas casas tem a água na soleira das portas, toda a gente anda devagar, descalços com as roupas arregaçadas. A vida da cidade aparenta uma paragem, muitos não vão trabalhar, torna-se difícil circular e muito mais a sítios no meio dos bairros. O Sol despontou à tarde e o calor é intenso. Por sorte, há um vento agitado, que consegue refrescar um pouco.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Chuvas fartas

Entretanto, a paisagem humana local não ultrapassa o nível freatico. As iniciativas ficam-se todas pela intenção e as colaborações todas pelo chamamento. Chaman. Por via de facto, vou então entrar mais directamente nessa área dos espíritos da terra. Por mais tempo, conseguiram manter as suas influências...será que me querem aqui?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Fevereiro

A temperatura continua quente mas o clima geral aqueceu. Entretanto, 8 dias out side net, igual a nada. Reafirmando o princípio básico, nada se passa se tu não o sentires. Assentar no ralo? Começar de baixo para cima? Nosso almoço? Os mestres artesões dos batuques não tem a vida fácil.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Valor vital

“De uma forma muito crua, o expoente máximo do valor para todos os organismos consiste na sobrevivência saudável até uma idade compatível com a reprodução. A seleção natural aperfeiçoou os mecanismos da homeostase para que essa meta fosse alcançada. Assim sendo, manter o estado fisiológico dos tecidos no interior de um organismo vivo, dentro dos parâmetros homeostáticos ideais, é a origem mais profunda do valor e da valorização biológicos. Isso aplica-se de igual forma aos organismos multicelulares e àqueles cujo vivo se limita a uma célula”.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Livro da Consciência

“...Gerir e proteger a vida de forma eficiente são duas proezas reconhecíveis da consciência...gerir e proteger a vida é a premissa fundamental do valor biológico. O valor biológico influenciou a evolução das estruturas cerebrais e influencia, em qualquer cérebro, a grande maioria das operações cerebrais...” de António Damásio.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Do outro lado do mundo

O tempo aqui, concretamente nesta época, deixa de existir. Estamos numa dimensão intemporal. Contrasta com milhares de diáriamente recém-chegados (crianças, emigrantes e familiares viajantes), confirmados (estudantes, trabalhadores, empresários), desmobilizados (desempregados) e reformados (doentes), que empreendem as suas lutas no panorama pouco povoado. Como conseguem as culturas antigas, escapar à predação das modas dos conquistadores? São segredos sabidos, escritos, gravados, capazes de lançar a força criativa, iniciadora de novos caminhos, vamos lá ver...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Dicionário progressivo do existencialismo


Être, em Francês, quer dizer ser e estar. Just as To Be, in English. Ser e estar seria a mesma coisa para eles? Ou são condicionados pelo contexto? Para os lusófonos, ser é muito diferente de estar. Vernizes de urbanismo arcaico mediterrânico?

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Human Nature


No news, good news!

Sinónimo do inferno, o diabo é sempre mais potente que o deus. As boas notícias, os bons desempenhos, projectos conseguidos, as boas acções, os grandes feitos, fazem pouca história, ninguém dá importância. Pelo contrário, as desgraças, as tragédias, viajam rápido no espaço e no tempo.

Sobre a natureza



Percebo os como o mínimo denominador comum para a co existência urbana. Que desenvolveu aceleradamente os progressos tecnológicos, dos quais se aproveitaram sobremaneira. Desencadearam-se na actual estrutura nervosa central do Ser Humano, com prazo de validade desde há dezenas de milhares de anos. O homem é um animal: todos estamos de acordo. Enfim!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ciclos

2011 just starting! Natureza é grande!