quinta-feira, 16 de julho de 2015
Manuel Jose Pires, 1967
Saber dar valor à vida,
É um dos tais predicados
Que nem toda a gente tem;
Pertencem só a quem lida
Vivendo por vários lados,
Sem calor de pai nem Mãe.
Pessoas há que têm medo
E até vergonha ou receio
De contar a sua vida;
A minha, não tem segredo
Nem acho que seja feio
Contá-la já em seguida.
É verdade romance
Que merece ser contada
A quem a saiba apreciar;
Basta que possua o alcance
De perceber minha "Fada",
Exposta mesmo a cantar.
Tudo o que aqui vai constar
Respeitamente à "Minha Fada"
E depois de ser bem visto,
Quem bem o possa apreciar,
Nunca acreditará nada
Não acreditando nisto.
Quando vim a este mundo
Com sorte de vagabundo,
Nasci logo atropelado.
À mercê do meu destino
E por este mundo além,
Sem conhecer um carinho
De meu pai ou minha mãe.
Divirtam-se!
Sapiens, A brief history of Humankind, do autor Yuval Noah Harari, editado por Vintage, uma excelente perspectiva da cuja dita raca humana!
sexta-feira, 10 de julho de 2015
Muze, as pinturas rupestres!
Ha poucas semanas fui visitar as pinturas rupestres mais sofisticadas da província de
Nampula (pelo menos, daquelas que são conhecidas). Depois de Iapala (a 30 km de
Ribaue), cerca de 18 km na estrada nacional para Malema, viramos á esquerda em
Muesse para 12 km de caminho de areia bastante mau e chegamos ao apeadeiro de
comboio de Mussa. Continuamos na estrada antiga em direcção a Malema, passamos
sobre a linha de comboio e saímos outra vez á esquerda (cerca de 3 km); paramos
logo a seguir porque o caminho de terra esta cortado por uma corga profunda;
continuamos a pé até uma pequena aldeia, Sissire, no sopé do Inselberg alvo,
cerca de 5 km. Um aldeão vem ter connosco, dizemos o que queremos e ele
disponibiliza-se para nos conduzir a casa do Líder, um pouco mais longe e mais
perto do monte. Passamos várias plantações de tabaco, algum já a secar, muitas
crianças, como sempre, uma placa indicativa das Pinturas Rupestres de Muze, no
meio do mato. O Líder esta em casa com mais mulheres e crianças, jovens rapazes
também e saímos para o monte. Paisagem bonita, vamos subindo a pedra, descemos
uma corga florestada, recomeçamos a subida, muitíssimo íngreme. M deita-se
na pedra a descansar. O Líder sobe descalço e as crianças sobem ligeiras. Ao
chegar á gruta (pala) ele avança sozinho e pede-nos para esperarmos; realiza a
cerimónia, libertando um fumo acre. Podemos ir. O abrigo é pequeno, mas como de
costume facilmente defensável. A paisagem é magnífica. As pinturas em óxido de
ferro são de facto bastante elaboradas, com varias figuras humanas e de animais
bem desenhadas; possui também elementos rectilíneos e traços repetidos,
semelhantes ás outras pinturas de Iapala; um conjunto muito particular. Tiramos
várias fotografias, falamos e rimos um pouco, enquanto descansamos da subida.
Iniciamos a descida, eu muito rápido, para irmos parar junto a placa
indicativa, no meio do mato. Tiramos fotografia de grupo, dou 200 Mt ao Líder,
M distribui 100 Mt pelos outros, despedimo-nos e regressamos ao carro,
rápido; foram 3 horas de passeio ao sol, teremos feito uns 15 km a pé.
Retomamos o carro e regressamos pela estrada antiga em direcção a Iapala.
Estamos no alcatrão e rapidamente em Ribaue; o polícia que tinha pedido boleia
á saída de Nampula, para Lalaua, estava agora desfardado e de mota com o amigo;
disse que tinha que ir fazer algo; esperamos 15 min enquanto bebíamos
coca-cola, o homem não apareceu, retomamos a estrada para Lalaua. Estado
péssimo, corgas profundas e perigosas, muitos sítios com lama, lombas e
buracos, demorámos 3 horas e meia para fazer 80 km, mais de metade do caminho
já de noite; mas chegamos bem, escolhemos os quartos e fomos jantar uma boa
galinha cafreal!
Subscrever:
Mensagens (Atom)