A saúde da população moçambicana está neste momento bastante debilitada. A maioria das pessoas recorre aos praticantes de “medicina tradicional” para resolver muitos dos seus problemas, físicos e psicológicos. O sistema nacional de saúde serve menos de metade da população, em grande parte rural e isolada. A maioria dos partos decorre no domicílio, com o apoio de parteiras tradicionais. A água é inexistente na maioria dos lares. As mortalidades infantil e materna são elevadas. A malária continua a ser a principal causa de morte mas a tuberculose é também muito frequente, com alguns casos já de multi-resistencia às drogas habituais. A epidemia de VIH veio agravar a situação, reduzindo a classe produtiva, des estruturando as famílias e provocando o aparecimento de um grupo enorme de órfãos num sistema sem capacidade de cobertura pela assistência social. O Governo desencadeia um processo de formação acelerada de técnicos de saúde (em número actualmente muito reduzido para os 18 milhões de habitantes), de reabilitação da infra estrutura de prestação de cuidados e de inovação de processos. Mas na Zambézia existe 1 médico tradicional para 500 habitantes e 1 Médico convencional para 150.000. As escarificações rituais são uma prática generalizada e recorrente. A prevalência do VIH subiu a 18% e os casos de SIDA, agravados pela mal nutrição, inundam os serviços de saúde. O desafio é enorme, as respostas muitas vezes inadequadas, as estratégias demasiadas vezes alteradas, sem uma correcta avaliação de resultados, não chegando à maioria da população que não fala português. Será necessário reunir vários e importantes esforços para inverter esta situação. A construção de infra-estruturas mínimas de água, saneamento e habitação, a investigação sobre os factores disseminadores, culturais e sistémicos, a utilização de mensagens compreensíveis nos vários dialectos (32), o desenvolvimento económico das comunidades locais, a educação nutricional, a educação para a promoção da saúde, são alguns dos investimentos necessários. Todas as contribuições são benvindas. O apoio nutricional é urgente, a construção de “casas mãe espera” em materiais locais (100 euros) aumentará imediatamente o número de partos institucionais. Criatividade, persistência, solidariedade, precisam-se.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário