“O instinto de conhecer, se por vezes
incide sobre o que pode ser matéria de ciência – porque de observação exacta,
de cálculo corrigível, de experimentação renovável -, tem que incidir muitas vezes
sobre o que é impossível observar em condições científicas, de reduzir a
qualquer espécie de precisão. Mas o instinto de conhecer não desiste, em seu
ímpeto espiritual. Não podendo conhecer com a inteligência, conhece com o
sentimento, que é a inteligência do desejo. E onde não pode observar, crê; onde
não pode calcular, adivinha; onde não pode pôr à prova, profetiza. Este estado
de alma é o misticismo, que é ter o sentimento nítido de uma coisa que não se
sabe o que é.”
Política e mística, Fragmentos, 4 - O Império
Português, 5b- O Quinto Império, Portugal, Sebastianismo e Quinto Império, Obra
em Prosa de Fernando Pessoa, Fernando Pessoa, Prefácio, introduções, notas e
organização de António Quadros, Livros de Bolso Europa – América 472, Publicações
Europa – América, Mem Martins, 1986.
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