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Alfacinha

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Luso calaico

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visita Etxwabo

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Descentralização

A equipa chega pela terceira vez ao Centro de Saúde da sede do segundo Posto Administrativo do Distrito. A enfermeira, em Etxwabo, dirige-se a cerca de 60 pacientes reunidos rápidamente a partir dos 3 núcleos de acção mais frequentados na unidade (consulta criança saudável, consulta pre-natal, triagem) sobre a transmissão, a prevenção e a fisiopatologia do VIH, a vantagem do teste e os serviços do Hospital de Dia. 30 voluntários aceitam fazer o teste. 16 são positivos, 4 desaparecem, 12 vão à consulta, 2 recusam seguimento, 1o pretendem encarar a situação. Há pessoas corajosas.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

pela Saúde de Moçambique

A saúde da população moçambicana está neste momento bastante debilitada. A maioria das pessoas recorre aos praticantes de “medicina tradicional” para resolver muitos dos seus problemas, físicos e psicológicos. O sistema nacional de saúde serve menos de metade da população, em grande parte rural e isolada. A maioria dos partos decorre no domicílio, com o apoio de parteiras tradicionais. A água é inexistente na maioria dos lares. As mortalidades infantil e materna são elevadas. A malária continua a ser a principal causa de morte mas a tuberculose é também muito frequente, com alguns casos já de multi-resistencia às drogas habituais. A epidemia de VIH veio agravar a situação, reduzindo a classe produtiva, des estruturando as famílias e provocando o aparecimento de um grupo enorme de órfãos num sistema sem capacidade de cobertura pela assistência social. O Governo desencadeia um processo de formação acelerada de técnicos de saúde (em número actualmente muito reduzido para os 18 milhões de habitantes), de reabilitação da infra estrutura de prestação de cuidados e de inovação de processos. Mas na Zambézia existe 1 médico tradicional para 500 habitantes e 1 Médico convencional para 150.000. As escarificações rituais são uma prática generalizada e recorrente. A prevalência do VIH subiu a 18% e os casos de SIDA, agravados pela mal nutrição, inundam os serviços de saúde. O desafio é enorme, as respostas muitas vezes inadequadas, as estratégias demasiadas vezes alteradas, sem uma correcta avaliação de resultados, não chegando à maioria da população que não fala português. Será necessário reunir vários e importantes esforços para inverter esta situação. A construção de infra-estruturas mínimas de água, saneamento e habitação, a investigação sobre os factores disseminadores, culturais e sistémicos, a utilização de mensagens compreensíveis nos vários dialectos (32), o desenvolvimento económico das comunidades locais, a educação nutricional, a educação para a promoção da saúde, são alguns dos investimentos necessários. Todas as contribuições são benvindas. O apoio nutricional é urgente, a construção de “casas mãe espera” em materiais locais (100 euros) aumentará imediatamente o número de partos institucionais. Criatividade, persistência, solidariedade, precisam-se.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Feiticeiro

Vindo da Tanzania a falar swaili, instalou-se em Namacurra um novo "médico tradicional", trata tudo, abre, corta e cose os corpos, mas também faz feitiços... Na sessão pública (20 Mt o bilhete), a multidão que se acumula à porta é dominada pela companheira do artista, vestida simples salpicada de bastante sangue. Ouve-se um burburinho. Um estrondo profundo, mesmo estranho e desconhecido, de ossos, musculos e articulações, as centenas de pessoas, sobretudo jovens e crianças, que simultaneamente efectuam um movimento brusco e rápido de fuga: o feiticeiro, descalço de calções, tinha saído à porta e dado duas ou três palavras.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Florestas de Sofala

A floresta é baixa e densa, muito verde e cerrada. As trepadeiras cobrem arbustos e árvores. Muito ao longe, a serra cinzenta da Gorongosa, cumes enublados, domina a paisagem. A pista não é das piores, alguns valados profundos com água bastante, zonas de areia, nesta época bem encharcada. Ao lado, a linha do comboio, em reabilitação. Um bando de macacos pequenos dispersa-se rápidamente á direita. Um macaco grande, solitário, atravessa ao longe. O carro enterra-se, a ambulancia de Marromeu reboca para tráz e resolve a situação. Cai a protecção do carter, ata-se com uma corda. Acelera-se o veículo para evitar a noite. A Beira ainda está longe.