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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Free Africa!

“Asante apresenta como segunda acção libertadora da afrocentricidade a desconstrução do mito da objectividade, mito este espalhado e defendido pela ciência e exportado pelo ocidente para os outros locais culturais. Mas de facto toda a ciência é um conjunto de asserções com a pretensão de serem objectivas. Ou seja, toda a ciência reduz-se a uma questão de discurso, no qual o mensageiro (o cientista) tenta fazer passar a sua mensagem como sendo verdadeira e objectiva. No entanto, todo o conhecimento é político, porque gerado sob determinados condicionalismos sociais e políticos, ou seja, num contexto de poder ao qual o cientista não se pode excluir. O eurocentrista usa um discurso hierarquizante que tem como fim controlar os outros discursos vindos da periferia, sob a capa do universalismo da objectividade.”


José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010, pagina 136.

Haverá um futuro?

De acordo com Mbiti, , a História para trás, isto é, do Sasa para o Zamani, do momento experienciado para um longo período em que nada pode ser experenciado. Na concepção tradicional africana, a História não se move para a frente, ou seja, para um futuro de progresso ou para o . Daí que, pode inferir-se, não haja muito espaço, entre os africanos, para ideias ou noções de felicidade, de liberdade, de progresso e do desenvolvimento. Da mesma forma que não há ideias ou noções apocalípticas do mundo e da fatalidade. Não existem implantados no futuro e nem é possível imaginá-lo. O tempo de ouro está somente no Sasa. Portanto não pode também existir um futuro radicalmente diferente do que o que actualmente está a ser vivenciado e experienciado no Sasa
José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010, pagina 90.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Time

“O conceito linear do tempo no pensamento ocidental, com um passado indefinido, presente e um futuro também indefinido, é práticamente inexistente no pensamento africano. O futuro (no pensamento tradicional africano) é virtualmente ausente porque os eventos que estão nele ainda não aconteceram, ainda não foram compreendidos, portanto não podem constituir tempo. Se, contudo, eventos futuros dão-se como sendo certa a sua ocorrência, ou fazem parte do ritmo inevitável da natureza, eles constituem somente o tempo potencial, e não o tempo actual.” (Mbiti, 1969, 17)

Uma pessoa só o é como tal quando tem toda a carga dos seus antepassados consigo.”

José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

“Deus em macua diz-se MULUKU, com as correspondentes dialectais de NLUKU no grupo macua-meto e MULUGU no grupo macua-lomwe”.


“Na sociedade macua não existe culto directo a Deus propriamente dito. No culto macua, que consiste fundamentamente, no sacrifício de farinha, oferecido aos antepassados, honra-se especialmente os espíritos ancestrais e antepassados mais importantes da família e da aldeia, considerados como autênticos intermediários entre Deus e os homens. Só indirectamente este culto é dirigido a Deus.”

“Na cosmovisão macua, a sobrevivência dos mortos é definitiva. Os espíritos já não mudam, nem na sua maneira de ser, nem no seu modo de actuar. O seu estado, depois da morte é definitivo.”

“O sacrifício tradicional macua (MUKUTTHO) é o sacrifício que se oferece aos antepassados da família ou (e) da comunidade, já que estes são considerados vivos e com poderes sobre-humanos eficazes, com a finalidade de estabelecer a comunhão entre os membros da família ou (e) da sociedade, os antepassados e Deus”.

Francisco Lerma Martinez, O Povo Macua e a sua Cultura, Paulinas, Maputo, Moçambique, 2008.