A Poente...

A Poente...
Na Baía de Nacala!

Alfacinha

Alfacinha
encontra Mapebanes

Luso calaico

Luso calaico
visita Etxwabo

domingo, 14 de agosto de 2011

Há lugares

Subi hoje ao penedo sagrado de Marrere, bem perto do antigo mosteiro cristão, actualmente hospital. No intervalo entre nuvens de chuva e sol forte, dirigi-me ao sopé e com cuidado com as cobras, iniciei a ìngreme escalada. Algumas pedras e terra solta, minhocas médias brancas de mortas e secas, como as folhas grandes. Queimaram o capim há pouco tempo. Acelero a respiração e o pulso. Passa um ar fresco. Lage de granito, muito lisa mas rugosa, desenhada em linhas curvas fluidas, grão fino, branco, negro e rosa. Algumas pedras enormes, rachadas. Passo a àrea assinalada pelos médicos tradicionais, com panos brancos pendurados da árvore caduca. Contorno o cume pelo Norte. Agora há que utilizar as mãos. O bando de corvos, negros e brancos, faz um voo razante. Mais um esforço, três saltos, estou no topo do rochedo. Paisagem bela, algumas serras espalhadas e eizelbergs dispersos nos 360º do horizonte; Nampula ao fundo, prédios, torres, coberturas metálicas; de resto, florestas de cajueiros e mangueiras espalham-se em vales e chãs em todas as direcções; algumas machambas, com bananeiras. Um cemitério a Norte, isolado entre as árvores. Sento-me. A Sul ouvem-se os coros das mulheres.

Cantigas ao desafio

“Gostaria de escrever
Meu romance até ao fim
Com fundamento concreto,
Se conseguisse poder
Encontrar-me sempre assim,
Para o fazer bem completo.

Uma história que é evidente
Quer seja ou não em poesias,
Sempre que é digna de apreciar;
Como a que temos presente,
Completa sem fantasias
Nem preceitos de enganar.”

Cantigas ao desafio

“Gostaria de escrever
Meu romance até ao fim
Com fundamento concreto,
Se conseguisse poder
Encontrar-me sempre assim,
Para o fazer bem completo.

Uma história que é evidente
Quer seja ou não em poesias,
Sempre que é digna de apreciar;
Como a que temos presente,
Completa sem fantasias
Nem preceitos de enganar.”


terça-feira, 9 de agosto de 2011

What is it?


“A Pré-História


No vasto território que o povo macua ocupa hoje, no norte de Moçambique, há importantes estações arqueológicas e de arte rupestre, que testemunham a presença na região, em tempos passados, de povos antigos antes da chegada dos macuas (bantus). Os primeiros habitantes da região foram os povos Khoi e San, descendentes de homens de Grimaldi e dos Boskop. A arte rupestre e as estações arqueológicas encontradas na região poem em evidência a presença de povos com mentalidade distinta, em épocas muito distantes, e são vestígios do Paleolítico (a estação de Riane), de uma escrita hieroglífica primária (a estação de Campote, no Niassa) e de agricultores com mentalidade neolítica (estações de Nacavala, Murrupula e Mogovolas, em Nampula).”

“Séculos XV-XVIII: Os estados afro-asiáticos da costa e os regulados macuas


Os Árabes introduziram entre os macuas intercâmbio de produtos em larga escala, novas técnicas agrícolas, novas espécies de plantas e o comércio de escravos.
Obrigados a defender o seu território e querendo controlar por si próprio o comércio do marfim e o tráfego dos escravos, estabeleceram-se uniões e mini-alianças entre os vários grupos clânicos, aparecendo, deste modo, aquilo a que podemos chamar de confederações de clãs. É o caso dos Chacas, Erati e Meto, no vale do rio Lúrio; e dos Namarróis, mais a Sul do território macua.”

Entre alguns chefados macuas e os pequenos reinos afro-asiáticos da costa estabeleceram-se alianças baseadas no comércio de produtos e no tráfico de escravos. Começou desta forma o capítulo mais trágico da história do povo macua: a escravatura. Sobre a escravatura entre os macuas foram levantadas várias hopóteses e feitas diferentes interpretações; entre os Macuas-Meto, existiriam clãs de homens livres e clãs de escravos; outros falam de escravatura doméstica. Seja qual for a interpretação preferida, tanto uma como outra falam de dominação e exploração do homem pelo homem, de homens superiores e homens inferiores, de homens que não são pessoas, pelo que podem ser vendidos, e são-no de facto, como qualquer outro produto ou objecto, podem inclusive, ser mortos impunemente. Existe, numa palavra, a escravatura, praticada por eles e por estranhos. Um capítulo da sociedade macua, que continua aberto ao estudo: quais as causas profundas e as consequências históricas deste fenómeno – é o que falta apurar.”