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domingo, 8 de agosto de 2010

Inesperados Inéditos

Saimos da Beira (capital de Sofala), perpendicular ao mar para Oeste, em direcção ao interior e a Chimoio (capital de Manica), começando a ver a grande cadeia montanhosa, paralela ao Índico, em frente e ao longe, grande barreira para o planalto central africano. Subimos, passamos a vila de Manica e na fronteira de Machipanda entramos no Zimbabwe, já em zona de média montanha. Logo a seguir está a cidade de Mutare (300 km da costa), uma das 4 do País.

Viramos para Norte, paralelamente à fronteira com Moçambique e a curta distância, para chegar até Nyanga (108 km) onde acaba a estrada de alcatrão. Fazemos-nos à pista, norte, pouco depois oeste, ainda norte. No sopé de um pequeno monte, as ruinas de Nyahokwe, antigo povoado mineiro (de ferro), algumas casas (com pátio interior para guardar os animais durante a noite, várias divisões, habitação do homem sobre o tunel de entrada dos animais, habitações de 1, 2 ou 3 mulheres conforme a riqueza da família, cozinha) e muros largos de protecção e suporte. Subimos a encosta para um colo liso entre o monte principal e outro mais pequeno, com uma vista explêndida. O complexo do tribunal, com patio de audiencias murado, lugar do condenado – poste de pedra onde seria atado e pedra onde poderia sentar, o trono do jurí, a casa do tesouro (com recinto interior para guardar o gado da dívida durante o tempo do julgamento), com habitações também.
Voltamos ao vale, um pouco mais a oeste e a norte, pista maioritariamente de areia amarela, algumas zonas de pedra.
Estamos no grande complexo habitacional, inúmeras casas de vários tamanhos, distanciadas, quase todas com pátio interior para guardar os animais, recintos de cultivo e para animais com muros enormes, complexo de tratamento e armazenamento de cereais, “palácio” dos congressos, casa do rei com quatro mulheres, nucleo fortificado. Àrvores e cactos enormes rompem o casario. O horizonte é largo povoado de inúmeros picos rochosos dispersos ao longe. Neste local existe um pequeno museu moderno muito interessante. As semelhanças arquitectonicas destes vestígios com a cultura dos castros do noroeste ibérico são verdadeiramente espantosas.

Este é o centro de uma área de mais de 8.000 km2 repleta de ruinas da cultura Ziwa, exemplo inédito em toda a África Oriental. As pesquisas arqueológicas identificaram na zona vestigios da Idade da Pedra, desde 50.000 a 1.000 anos antes de cristo. No terceiro século da nossa era a área foi invadida por comunidades agro-pastoris com cerâmica e fundição de ferro que se foram instalando até o século X, ramos Bantu como os Marave. No século XV chegaram os Tonga vindos do baixo vale do Rio Zambéze que falavam Sena. O Grande Zimbabwe está no auge em 1440 graças ao comércio do ouro com o porto de Sofala. O grande império do Monomotapa nasce em 1450 e resiste até 1629 aos Portugueses, que já tentavam dominar o estado Shona desde 1505. Foram as populações Monomotapa as arquitectas e construtoras principais desta interpenetração homem-natureza e cidade-campo. Os últimos representantes das famílias reinantes estabeleceram outro reino Mutapa em Moçambique, chamado por vezes Karanga. Os reis Karanga chamavam-se Mambos e reinaram na região até 1902. Em 1800 a zona tinha já sido comptetamente abandonada, aparentemente por esgotamento dos recursos.

Em Shona, a língua local, Ziwa (o nome do monte - 1.700 m de altitude - que dá o nome à cultura desta zona) quer dizer conhecimento. Não muito longe, mais pequeno, a Oeste, está o monte Hamba: quer dizer “vai, ide, ir”. Entre os dois, está outro mais pequeno, o Mupiro, “local das oferendas”, onde o chefe religioso organiza anualmente a festa tradicional. Também o Médico tradicional, diz-se Nhánga como em Etxwabo. E o Feiticeiro é Murroyi. Muprofita, aquele que descobre quem rouba ou quem faz mal. Estes, de tão ricos, poderiam ter até 15 ou 20 mulheres. Niamucuta, é a parteira tradicional. Quem saberá o que de facto se passou?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Inteligencia operacional

Ilustres donos do conhecimento tinham-se reunido inúmeras ocasiões e consultado vastos tratados, perdendo-se em elocubrações e debates sem fim. No entanto a solução estava díficil de encontrar e a demora começava a pesar na reputação dos mestres. A intervenção muito discreta de MacSha, mulaula muito popular, directo e preciso, veio trazer a chave simples, para abrir uma porta grande para um horizonte iluminado e vasto de promessas.