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quarta-feira, 28 de julho de 2010

7 Anos

O espaço é amplo à escala local, uns 15 por 10 m cobertos de lusalite. As paredes repetem o padrão das extensões planas de matope em período seco, cheias de rachas – a construção tradicional utiliza uma estrutura de paus atados e cobertos de lama. O chão é de matope também, algo irregular. Desta sala central entra-se por 3 “portas” (cobertas com panos) para quartos e sala mais pequenos, onde se aloja a família. Não existem portas nas 2 saídas para o exterior. Este é o ponto mais animado desta zona do bairro, numa das “ruas” principais: um dos serviços mais populares nas zonas “sub urbanas” das cidades e vilas de Moçambique – o “cinema” local, com televisão, video ou DVD e som a sair de grandes colunas e bem alto. O público instala-se em cadeiras de pau e bancos de tábua, em frente ao “palco” protegido por corrimão de vara e um pouco mais alto. De facto, quando não está a funcionar, a partir dessas 19 horas, toda a gente está nas suas casas já a dormir. Quando funciona, é o ponto de luz, música e animação, concentrando à sua volta passeantes, pequenos comerciantes, espectadores intermitentes e sempre, muitas crianças. Mantém-se assim o movimento até essas 21 ou 22 horas, dificultando o “trabalho” dos ladrões frequentes na zona.
Hoje está dedicado à festa de aniversário de uma das crianças da família. Depois de estendida a esteira, servem-se os petizes. Cada um com seu prato de arroz, salada e caril de galinha. Mesmo os mais pequenos treinam a sua independencia e o jeito de comer com a mão. Estão contentes. Os adultos são servidos a seguir, batata frita, arroz, galinha, caril, salada, algumas cervejas e refrescos. Um amigo mais idóneo em pequeno discurso situa o acontecimento e instiga ao repasto. Entre familia próxima (50%), afastada (40%) e visinhos (10%) estarão umas 60 pessoas. Todos vivem ali mesmo ou muito perto. Baixa-se a musica e a refeição decorre em quase completo silêncio. Recomeça o som ambiente e trazem o bolo de anos, muito bem coberto de chocolate, que a mãe acende nas velas para a filha, a prima e o primo poderem soprar, depois de cantados os parabéns. A mãe “abre a sala” com uma dança mexida e todos se concentram em bailados ritmados, de passada e kizomba, rap ou marrabenta. A animação atinge o auge à medida que o Zed vai sendo repartido. Trocam-se pares e fazem-se acrobacias. Cada qual tenta superar em jeito e contorsões aos ritmos intensos os restantes dançarinos. De vez em quando um “slow” encosta os pares, que vão alternando. Trocam-se estórias e piadas e as gargalhadas dominam o som de fundo. Apesar do fresco os mosquitos não desistem e tentam também a sua refeição perigosa – não há maneira de os evitar aqui. Pela meia noite os convidados começam a retirar-se – amanhã é dia de “trabalho”! Mas a festa foi muito boa e toda a gente está satisfeita! Até à próxima!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Porque hoje é Domingo...

Logo a seguir ao mercado do Brandão, cheio de gente como sempre, na segunda ou terceira zona de água, o carro enterra-se. Como não chovia hà vários dias, não tinha ligado os cubos. Em manobras acrobáticas para evitar por os pés no matope profundo e malcheiroso, eu e o Vasquinho cada um de seu lado, conseguimos ligar a tração nas rodas da frente e saimos sem dificuldade. Vagarosamente, passamos o bairro Manhawa, muitas crianças por todo o lado e chegamos a Santagua. A irmã mais nova traz uma cadeira e senta-se na outra. Os 2 batuques estão elegantes ao sol, com peles novas, raspadas, tensas e ainda mal secas. O som ecoa com potencia. Ao longe escutamos uma batucada para tratamento de “reumatismo” e mais perto os gritos entusiásticos do público do futebol. Passamos ao lado em casa da irmã mais velha, viuva que vive com o seu único filho: sorridente, atarefa-se com as tranças do seu cabelo farto e emanharado. Em vários recintos deparamos com arroz colhido de fresco a secar ao sol. Por todo o lado, pequenas bancas de tudo, carvão, bolachas, fósforos, laranjas, estão guarnecidas do seu “comerciante”. Mais à frente, timbilas e batuques marcam as danças na festa de aniversário. Boa tarde, boa tarde! Passamos pelo meio do mercado do bairro no regresso, muita roupa de segunda mão, óleo em orgãos de embalagens plásticas digitais cor de ouro, raparigas lindas em capulanas de cores vivas e compramos arroz novo para comer mais logo. O ambiente é de Domingo no Bairro.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Não caça

Cerca de 5 km a Sul de Caia, depois de passar a grande ponte Emilio Guebuza sobre o Rio Zambéze, vira-se à esquerda na pista em direcção a Marromeu. Com piso bastante regular, de terra barrenta vermelha entrecortada por zonas de areia, o percurso rumo a Este atravessa áreas de savana, de floresta escassa e de floresta densa – interrompido por vezes pela passagem de bandos de macacos. Após 60 km a primeira aldeia, Chupanga. Mais à frente estamos já em terreno totalmente plano, capim alto, matope, buracos enormes cheios de água, uma autêntica gincana, muito sacudida, até chegar a Marromeu (100 km)!
Aqui depara-se um agitado polo agro-industrial, pilotado pela companhia Sena Sugar: 24 horas por dia, 7 dias por semana, chegam consecutivamente tractores com vários e grandes atrelados cheios de cana e saem camiões carregados de paletes repletas de sacos de 1 kg de açucar, amarelado de grão grosso. A grande fábrica emprega centenas de pessoas, têm “caminho de ferro”, porto, bairros, escolas, centro de saúde, instalações sociais e desportivas.
A vila de Marromeu é sede de Município na Província de Sofala; tem uma igreja grande, muitas lojas, alguns bares e pensões, muita gente, longas ruas de mercado, vários artesãos, biblioteca, aerodromo. Está no centro de uma zona com várias reservas de caça, que confina com o Parque Nacional da Gorongosa – encontram-se claro muitos crocodilos, hipopotamos e macacos, também bufalos e vários cervídeos. O melhor sítio para ficar, atualmente, é o “Pappa Lodge”, nas istalações da companhia SS, em moradias algo tradicionais, com bar e restaurante, música e animação.