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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Feitiçaria, sociedade e política

“Witchcraft, society and politics

It is often overlooked by politics analysts that one of the primary concerns of witchcraft has to do with what we in the West would call therapy. Although much work focuses on the more aspects of this healing process, witchcraft has also been instrumental in providing for psychological or social disorders associated with the modern post-colonial world.”

Patrick Chabal, Africa Works, Disorder as political instrument, Africam Issues, 1999, página 66.

Medicina Africana

“A medicina africana não só tem valor acrescentado pelo uso das plantas para a cura, mas sobretudo pela combinação que faz com a psicoterapia e com os conhecimentos variados da anestesia, vacinação e técnicas de cirurgia. Os bantu tinham há já muito tempo a sua própria aspirina usando uma planta que contém ácido salicílico.”


José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010, pagina 246.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

“Universidade como espaço de intersubjectivação

O objectivo final é o de estabelecer uma cadeia circular de legitimação dos saberes na qual nos extremos estão as duas tradições de práticas académicas, nomeadamente a formal / moderna (predominantemente escrita) e a local / tradicional (predominantemente oral). A legitimação e a validade do conhecimento produzido, seja no contexto institucional moderno, na base da cultura escrita, seja no contexto institucional tradicional, na base da cultura oral, é feita num espaço coabitado por ambas comunidades epistémicas sobre temas e problemas comuns. Como participantes, os detentores dos pontos-de-vista e dos saberes tradicionais locais ver-se-ão partilhando benefícios para a manutenção e desenvolvimento do seu capital cultural e de conhecimento. O desafio é desenvolver na universidade fóruns e mecanismos de levar o conhecimento localmente legitimado para fóruns mais abrangentes de legitimação global. Os fóruns científicos nacionais e internacionais, devem abrir as suas portas para os portadores dos conhecimentos narrativos dos seus colegas pesquizadores do contexto locail / tradicional. Estes devem ser convidados a expor as suas ideias e conhecimentos no seio da comunidade científica global, numa ronda de diálogo circular.”
José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010, pagina 243.

“A segunda crítica (construção) do processo de vigilância epistemológica relaciona-se com a necessidade de o intelectual africano garantir que a sua produção seja responsável em relação às comunidades epistémicas locais, libertando-se dos preconceitos culturais para adoptar uma perspectiva afrocêntrica.”


José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010, pagina 242.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Interculturalidades

“Cultura é entendida aqui como a segunda natureza humana, isto é, o processo da criação de formas de conhecimento, das técnicas e de formação de habilidades que visam garantir que o ser homem possa viver, procriar-se e educar aos seus sucessores, enquanto seres humanos. Entendida desta maneira, a cultura é a experiência crítica que o homem faz com a Natureza circundante e com os outros seres humanos e sociedades. A interculturalidade constitui o conjunto de atitudes e predisposições necessárias para um envolvimento mútuo de dois ou mais sujeitos na troca das suas experiências subjectivas, críticas e por si vivenciadas (enquanto indivíduo ou grupos sociais) com os outros: um processo de formação de atitudes e predisposições nos sujeitos por forma a torná-los aptos para o debate entre as culturas.”


José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010, pagina 220.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Conhecimento e Sabedoria

“Ciência é conhecimento organizado, enquanto sabedoria é vida organizada. Aqui estão claros os pontos de cruzamento e do distânciamento entre o cientista e o sábio. O ponto do encontro é a organização, ou seja, ambos pensam a vida ou o conhecimento de uma forma estruturada. A sua preocupação é organizar a vida e o conhecimento (sobre ela). O que os distancia é o objecto da sua organização: enquanto um está mais preocupado pelo conhecimento o outro esta mais preocupado pela vida.”

José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010, pagina 212.

Filosofia Africana

As liberdades que condicionam a existência de uma filosofia crítica africana são cinco:



A necessidade da filosofia africana se libertar do essencialismo ou do unanimismo (etnofilosofias). A segunda dimensão da qual a filosofia africana deve livrar-se, a religião (a religião faz profecia e a filosofia utopia). A terceira libertação, do debate tradicionalista (poluido pelo misticismo, e concentrar-se na busca de respostas a assuntos que dizem respeito ao futuro). A quarta do mito da oralidade, através do resgate da oratura. A quinta, libertar-se do problema linguístico como condicionante para o desenvolvimento político, social, económico e intelectual do continente.

José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010, pagina 209.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Eco ser ?


“Goduca insiste que existe uma unidade na forma de conceber o mundo dos Africanos, assente em cinco princípios. O primeiro princípio sublinha que a responsabilidade individual pela interioridade é uma jornada para a auto-purificação: o caminho para uma paz interna, consigo e com os outros. O segundo princípio é a responsabilidade colectiva em cuidar da mãe terra: as pessoas pertencem à terra, a terra não lhes pertence, procurando viver em harmonia com ela. O terceiro princípio afirma a inter-relação, inter-conexão e interdependência entre os homens e as criaturas vivas e não-vivas: nada existe que seja ou esteja isolado. O quarto princípio sublinha que as identidades individuais e familiares não estão separadas do contexto sociocultural e espiritual. O quinto príncipio diz que a Natureza, as criaturas vivas e não-vivas são o fundamento da realidade espiritual.”


José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010, pagina 160.

Filosofia Ubuntu

“De acordo com Broodryk, o ubuntuismo define-se como uma cosmovisão tradicional africana baseada nos valores de um humanismo intenso, carinho, partilha, respeito, compaixão e os respectivos valores associados, valores esses que visam assegurar uma vida comum feliz e humana no espírito familiar. Na educação ubuntu constitui um ritual muito importante introduzir as crianças a todos os membros da família alargada desde muito cedo por formas a que elas conheçam e respeitem a cada um deles na base do conhecimento que tenham do lugar de cada um na hiérarquia familiar. Um outro valor, deveras muito importante e que uma pessoa ubuntu presa em cultivar com devoção, é a capacidade de perdoar. Perdoar pressupõe o exercício de empatia e de simpatia para com o outro. O perdão é tido como divino. O perdão está muito ligado à tolerância, pois é uma das condições básicas para uma vida em comum entre pessoas de diferentes origens mas que se reconhecem e celebram o facto de serem humanos acima de tudo.”


José P. Castiano, Referenciais da Filosofia Africana, Em busca da Intersubjectivação, Nadjira, Maputo 2010, pagina 164.