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domingo, 30 de novembro de 2008

Roteiro dos caminhos difíceis

8 de Outubro de 2008, Quarta-feira

A noite foi tranquila, em cima das esteiras, apenas interrompida por algumas gotas de chuva nos dedos dos pés. O sol apareceu às cinco e meia por entre poucas nuvens. Havia água para beber, bolachas, amendoins e castanha de caju. Enrolamos as esteiras, embalámos o acampamento rapidamente, agradecemos a hospitalidade e iniciámos cedo na pista. Quiterajo estava tão calmo como o paraíso e a pista desafiava a condutora. O Índico, não longe, á esquerda. Até Mucojo, muita areia solta e funda, arenitos duros escavados, inclinados, mato cerrado roçando com estrondo, curvas apertadas, subidas e descidas, pontes e aldeias tranquilas. As crianças saúdam. Por todo o lado, bosta de Elefante. Ás vezes aparecem os macacos. Antes de virar à direita para Macomia, avista-se a Ilha das Rolas e a Ponta Pangane (a 11 Km). A pista para Macomia, atravessa o Parque Nacional das Quirimbas e foi reabilitada recentemente, bem larga e bastante lisa, fazemos facilmente 80 Km / h. Em Macomia, á esquerda no cruzamento principal, visitamos o “Tak Way” do português, para um sumo, uma sandes e um café. Pausa indispensável antes de nos fazer-mos a Chai mais a Norte – local do 1º tiro da guerra de independência, em direcção a Mocimboa da Praia. A estrada aqui está péssima, cheia de buracos fundos, tem que se ir com cuidado e devagar. Entra-se em Mocimboa numa avenida de 4 faixas, Vila principal da região, sede de distrito, tem gasolina, multibanco, 3 bares e 4 sítios para comer, ruas largas, casas de estilo com jardins grandes, árvores imponentes e um porto de pesca muito movimentado. Depois de visitarmos o hotel da Nancy, que estava cheio (4 quartos), ficamos no Complexo Turístico na marginal por cima da praia. Aqui fala-se Ki-mwani, aparentado ao Ki-swahili, e com variantes locais com Maconde, Makwa e também Lomwe. Mwani quer dizer gente da costa e Ki-mwani a sua língua. Os curandeiros chamam-se Fundi, os feiticeiros, N’sauoi e fazem Mava (feitiço). A ideia era visitar a ilha de Tambuzi, mas o próximo barco partirá só na sexta-feira à noite. Optamos por Muichamga, directamente a oeste, mais próxima de Mocimboa. Partida marcada para as seis da manhã.
Ba ka makaesu (até amanhã).

domingo, 23 de novembro de 2008

História da Zambézia

Século XIX

Em 1817 os portugueses criam o Distrito de Quelimane. Entretanto estava em curso, de forma difusa, a transferência dos trabalhadores rurais para as minas de ouro, a emigração para as colónias britânicas e alemã.
Em 1825, o chefe Makwa-Lomwe tinha uma das suas maiores fontes de prestígio e poder simbólico nos resultados do comércio de marfim.
Em 1832, a Coroa Portuguesa extingue os Prazos. Em 1835, a invasão dos Nguni, mais a Norte e na mesma altura também dos Yao, dá origem a novos estados militares, onde o culto dos antepassados e as práticas religiosas se misturaram com a islamização, e a caça ao escravo era uma actividade principal. Os Muzungos dominavam.

Roteiro dos caminhos difíceis


9 de Outubro de 2008, Quinta-feira

Levantámo-nos às 5 horas para tomar o mata-bicho preparado pela goesa obesa na sua cama de cozinha. Demorou, como habitual, mas cumpriu a sua função. A equipa já estava no local, apresentou-se o capitão e foi tratar dos preparativos. A praia de Mocimboa tinha já algum movimento, mulheres pescavam á rede na água pouco funda, o barco reclinava-se na areia. Para iniciar a viajem de dhow, vários homens vieram ajudar a empurrar, arrastando o barco na areia em água pouco profunda. Depois foi içar a vela, que contrariando o vento de nordeste, nos puxou silenciosamente, á bolina, em direcção à ilha Muichanga. Lentamente saímos da baía, a Sul avistamos a ilha de Nhunje, a sudeste a ilha de Tambuzi, a Norte Micungo. Após 3 h mudamos a vela e fazemos direcção a Norte, ultrapassando largamente Muichanga. Voltamos a mudar a vela e orientamos a sudeste, avistando a ilha de Yussune e o rochedo. Acostamos na praia da enseada oeste de Muichanga após 4 horas e meia de vela. O povo vem ver os brancos. Com fome e sede, desafiamos o sol violento, comemos umas bolachas com polvo logo ali na areia da praia. A água está morna mas sabe bem. Aqui o mar convida mas a visibilidade sub aquática não é a melhor e o fundo de areia fazem com que a caça em apneia seja medíocre; optamos por um passeio a pé ao longo da praia, visitamos as ruínas de casas dos portugueses na sombra das casuarinas, saudamos o casal de namorados, mulher com muciro, deparamos com o lago interior, verde, escavado na rocha e pouco profundo, de água salgada. O calor aperta, o sol escalda, mas parece que as cobras só saem à noite. Regressamos pelo carreiro interior, atravessamos a aldeia calma, talvez com 300 pessoas. O banho recompensa o esforço e os marinheiros desencaminham as garotas. O que dizem, amurimaia (não se sabe). O dhow chama-se Mungano ni bora (trabalhar juntos é bom) e a tripulação prepara-se para o regresso. Saímos para Mocimboa com mais 4 passageiros, 1 homem, 2 mulheres, 1 lactente. Com vento de feição, o barco galga as ondas em direcção à costa e em 2 horas e meia estamos em Mocimboa.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Roteiro dos caminhos difíceis

10 de Outubro de 2008, Sexta-feira

Saímos do Complexo Turístico na marginal de Mocimboa da Praia não muito cedo, para ir levantar cash no ATM e dirigimo-nos a Norte, em direcção a Palma; 80 km de pista bem boa, vermelha, larga e lisa, em 1 h e 30 min. Igreja branca e estilizada à entrada, damos uma volta á vila, descemos a Palma Praia, procuramos a pensão; era o local de contacto para o caçador. Na pensão única, que de facto já tínhamos passado mesmo á entrada, perguntamos pelo caçador. Mandam-nos à casa junto à Igreja. O segurança liga por rádio para o acampamento e informa, em linguagem pitoresca, que há 2 visitantes para o Chefe caçador. Há-de vir. Vamos dar uma volta á praia, passando pelo bairro de palhotas mais em baixo e separado da vila de cimento por um desnível de 10 m. A população é aqui mais muçulmana, sem dúvida, enquanto na vila alta, construções portuguesas de pedra e cimento, um centro de saúde ainda em acabamentos finais, avenidas e praças de árvores enormes, nota-se menos a influência árabe. Nos postes do antigo porto, pássaros castanhos de bico preto rectangular alinham perfeitos, contrastando com as aves brancas e pretas de bico vermelho que passeiam na areia. As mulheres nas soleiras das casas tecem as esteiras coloridas típicas da zona. Regressamos á Pensão e pouco depois, o land cruiser aparece com o caçador, 1 motorista e 1 pisteiro; depois de uma breve introdução, o caçador convida-nos a um passeio no mato. Vamos pela pista limpa mas com muita areia, lentamente, apanhando o vento fresco e encontramos macacos, facoceros (parecidos com javalis), uma cabrita do mato (tem nome difícil que não decorei), vários coelhos e aves variadas, como o peru e a galinha do mato, os pombos e pardais verdes, pássaros vermelhos e azuis. Neste litoral de Cabo Delgado fala-se Makwé (dialecto que mistura Makwa, Maconde, Swaili, Árabe), os curandeiros são os Fundi, os feiticeiros os Nhawi. Paramos numa aldeia junto á praia, na costa a norte de Palma, para ir ver a ruína da velha mesquita. Um bando de 20 crianças forma-se rápida e espontaneamente como turma de guias, com muitos risos, correrias, palavras em várias línguas, e conduz-nos no trilho através do mato denso; os macacos sobem nas árvores, e a ruína aparece á esquerda, em pedra cinzenta, paredes grossas, nicho orientado a Meca; dizem não haver muitas cobras; indicam-nos outro trilho que penetra na floresta mais densa, escuro, com muitas trepadeiras, para chegar a outra ruína; hesitamos, decidimos não arriscar; tiramos fotografias do grupo, passamos a outro local com enormes pedras, aparentemente ali colocadas pelos homens, mesmo á beira do mangal. A miudagem está bem disposta e comunicativa. O sol vai fugindo atrás do continente e a água azul calmo do Índico, de morna que está, sabe maravilha. Regressamos à vila para um peixe bem fresco e melhor assado.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Roteiro dos caminhos difíceis

11 de Outubro de 2008, Sábado

Saímos pelas 7 h da Pensão em Palma, na entrada á esquerda da Igreja, em pista regular, bastantes curvas e areia, direcção noroeste, para a Tanzânia. Não se vêem mais palhotas, não se vê uma única bicicleta, não há mais pessoas. Após 50 km no Land Cruiser modificado, começamos a avistar vários lagos, em pequenas planícies de erva alta e verde, mais em baixo; viramos para Este e mais a norte avistamos um traço de areia amarela, assinalando o limite fronteiriço, mais à frente já visível, o Rio Rovuma, bem azul. As áreas de floresta são aqui mais densas, contrastando com zonas planas de erva verde salpicada de grandes pássaros brancos; o caçador pede ao pisteiro e prepara a arma; circulamos na crista do planalto sobre a planície dos lagos, paramos e observamos o horizonte com os binóculos: ao longe, o rio e o areal marcam a fronteira da Tanzânia; á direita, o Índico muito azul. Mais à frente descemos ao vale, deparamos com outro lago, subitamente avistamos um elefante, negro, enorme, calmamente a abanar a tromba junto á água, do outro lado do lago; um grupo de 5 adultos e 2 crianças estava sentado perto da pista, á sombra, a observar o animal e à nossa passagem gritam “elefante, elefante!” apontando para o bicho; contornamos o vale, passamos o ribeiro para o outro lado e paramos o carro. Silenciosamente descemos o monte a pé até ao lago, viramos à direita ao encontro do maior mamífero em terra. Paramos a cerca de 50 m, escondidos pelo mato, na retaguarda do paquiderme: imponente, abala de vez em quando as orelhas; como o vento vem do mar não consegue cheirar-nos; tiramos algumas fotografias; pouco a pouco o animal vai se virando, talvez por ter ouvido algum som estranho, deparando com o nosso pequeno grupo (5). Elefante solitário, velho, com presas de 1 m 20 cm, impõe logo todo o respeito. O caçador recomenda uma retirada discreta e rapidamente tranquila para o mato e para o monte. Subimos ao carro em silêncio; esperamos o tempo suficiente para que o animal, ao sair do lago, possa atravessar a pista sem nos encontrar. Mais à frente na borda da pista o caçador ensina a reconhecer um arbusto local, o Gonozororo, de casca parecida com o sobreiro da cortiça, que tem uma raiz com propriedades estimulantes sexuais, para os homens. O pisteiro recolhe algumas raízes após desenterra-las com a catana. Andamos mais um pouco e a carabina é desarmada. Chegamos logo a seguir a Mwambo, o posto de fronteira; algumas palhotas, 2 casas de alvenaria, 3 carrinhas, algum povo. Seguimos para Sul até Quionga, pequena aldeia toda em palhotas e com muita gente, ainda longe do mar. Aproximando-nos da costa chegamos a Palma. Descemos a Palma Praia e tentamos negociar um dhow para a ilha. Proposta pouco convincente, giramos pela praia, reparamos nos pássaros pousados em linha em cima dos postes do antigo cais, castanhos-escuros, brilhantes, de bico negro rectangular, um banho; a maré está vazia e é necessário andar mais de 500 m para ter água pela cintura. 3 Velas recortam-se na baia, os dhows estão a entrar. As palmeiras verdes em cima da linha branca de areia do cabo a sul, separam o azul-turquesa da água do azul vivo do céu.

domingo, 9 de novembro de 2008

Roteiro dos caminhos difíceis

12 de Outubro de 2008, Domingo

Saímos de Palma com o Caçador, em direcção ao farol de Cabo Delgado, para uma saída exploratória de caça submarina. O percurso faz-se bem no Toyota aberto com banco elevado, bem arejado, há que concentrar e desviar dos ramos do mato; após 10 km de pista de areia com alguns trechos profundos e irregulares, desvios, muita maçala, a maior parte ainda verde (só cresce onde existem elefantes), galinhas do mato e pombos verdes, viramos à esquerda; 500m e entramos numa floresta galeria, de mangueiras gigantescas, árvores enormes, o Jardim das Mambas Verdes: atravessamos um túnel escuro e sinuoso, fresco e vibrante. Tomamos a primeira pista à direita depois da floresta totalizando mais 2 km: e chegamos a uma praia, a norte de Cabo Delgado, Mbuize. A maré está vazia e o carro chega perto da água. Equipamento ok e está a mergulhar na água turquesa, espingarda, bóia e anel; sobre o fundo de areia com erva verde aparecem os maciços rochosos, os corais e outra fauna; o peixe é miúdo, variado, colorido, pouco a pouco mais abundante; vêem-se muitas estrelas e apareceu também uma espécie de cobra; vi uma moreia e disparei; nada; aparece um mexilhão gigante (25 cm!); finalmente aparece um peixe um pouco maior (30 cm?), disparo, passa por cima; aparecem mais 5 idênticos, grandes, mas desviam rapidamente sem me dar tempo para armar. Após 2 h de apneia e caça 0, equipamento a secar, o caçador examina a arma e explica como está mal calibrada levantando o tiro; era a primeira vez que estava a ser utilizada. Regressamos à pensão em Palma com boas fotografias.

sábado, 8 de novembro de 2008

Roteiro dos caminhos difíceis

13 de Outubro de 2008, Segunda-feira

Saímos de Palma no Surf azul pela pista principal, boa mas com muita areia, em direcção á fronteira (Quionga); as palhotas sucedem-se dispersas, algumas crianças, raras bicicletas; virámos à direita a cerca de 19 km, existindo mesmo uma placa indicativa, o que é de facto muito raro neste país e nestas andanças, talvez ainda mais na Zambézia (…hábitos). Fazemos cerca de 10 km de pista de areia, por vezes profunda e sinuosa, em savana aberta, com muita massala, facoceros, galinhas do mato e pombos verdes, em direcção a Oriente, para o litoral. Pouco a pouco eleva-se e começa a aparecer a rocha no chão, cinzenta e cheia de buracos, dura e cortante; rochas longamente trabalhadas pelo mar; é perigoso sair do trilho, é fácil cortar um pneu; percorremos ainda, quase em linha recta, lentamente, com alguns degraus mais escarpados, 5 km desde o limite do continente, envolvidos de mato baixo e muito denso, para chegar ao Farol de Cabo Delgado. Avistamos primeiro os coqueiros e as casuarinas. Subitamente o traço branco, esguio e brilhante á luz do sol, eleva-se do verde espesso do mato cortando o azul do céu. Assim que paramos o carro perguntamos pelo responsável e o Faroleiro prontifica-se a conduzir-nos ao topo deste elegante monumento, visível mesmo de Palma. Após 170 degraus e 36m de altura, a paisagem é geográfica: a Oeste o cabo destaca-se rectângulo perfeito desde o continente; a Norte e a Sul, as costas de areias brancas, vegetação bem verde, o céu azul sem nuvens, o mar verde azul; a Este, o limite do recife na maré baixa, o Índico azul. O Faroleiro diz-nos que por vezes os elefantes vêm até ali, durante a noite. Ao lado de 3 casas brancas arruinadas (uma delas serve de residência ao faroleiro, natural de Pemba), existe uma pequena aldeia de pescadores. Boa tarde ou Salamalecum, tanto faz, passamos e vamos tomar um banho um pouco mais longe. Os pássaros marinhos, brancos e pretos, fazem voos baixos rasando a espuma das ondas. Trazem lagosta, compramos 3; tínhamos bom pão, limões – almoçamos sandes de lagosta, muito boa. Uma garrafa de água. Uma mulher tece a fita para uma esteira local. Regressamos pela pista rochosa, único caminho, virando para Quiwa, aldeia mesmo a sul de Cabo Delgado, no canto com o continente a 2 km á esquerda da pista principal; na praia estão barcos e alguns pescadores; entramos pela rua principal e manobramos para paragem á sombra; perguntamos pelas esteiras de cor; a gente junta-se, a miudagem farta-se de rir, as mulheres começam a mostrar as peças, um homem também. Negociamos e compramos duas, 200 meticais cada. Voltamos à pista principal e voltamos a sair, 1 km mais à frente, à direita para a praia de Mbuize; fica de facto antes do desvio para Quiwa para quem vem do continente, a cerca de 10 km da pista principal, á esquerda; após 500m atravessa-se a floresta galeria “Jardim das Mambas Verdes”, 100m após a saída do túnel verde, primeira à direita, 500m: praia deserta, areia branca, água verde turquesa azul, túmulo muçulmano, um embondeiro poderoso; existe também um pré-fabricado (!), 3 palhotas, onde habita uma família com muitas crianças. Distribuímos papel e canetas de cores, tomamos um banho, descansamos ao vento do mar, retemperamos. No regresso a Palma, é preciso meter a tracção que a areia aperta. Nada de grave. O azul porta-se bem e a musica Makwa anima.

Música de festa

Na pequena aldeia á sombra dos coqueiros, as crianças e as mulheres são as primeiras a chegar; os batuqueiros já montaram o quadro e o som fundo ecoa na floresta. Vão alinhando em roda, ondulando ritmados, cantando alto e agudo os coros alternados com o chefe do grupo. A miudagem dança de forma natural e flexível, algumas mulheres cobrem-se com as mesmas capulanas...

História

No século XVIII, o território produzia e exportava milho e feijão em grande quantidade, sobretudo pelos portos de Quelimane, Ilha de Moçambique e Ilha do Ibo. De Quelimane saíam também nos barcos muitas enxadas de ferro e sacos cheios de sal em grande número. Ao mesmo tempo, o comércio de escravos passa a ser um grande negócio e a caça ao escravo uma prática frequente. O Reino de Portugal, decide criar o regime dos “Prazos” no vale do Rio Zambeze, concessões extensas de terras alugadas durante três gerações. Em 1765 existiam 100 prazos administrados por portugueses. Nestes territórios processa-se a mestiçagem e a criação de novas alianças políticas e sociais.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

História

Nos séculos XVI e XVII , os reinos Lomwe e Makwa, o Reino de Lundo, o Bororo, eram estados bem organizados resultantes das conquistas Marave. Os estados Marave que invadiram a região durante os 2 séculos precedentes, adoptaram uma política de alianças de sangue com as elites locais, beneficiando até da transmissão matrilinear dos grupos derrotados, construindo uma lenta e segura integração entre ocupante e ocupado. O imposto era recolhido de todas as casas, em trabalho ou em produtos, os feiticeiros dispunham de uma influência e poder considerável, uma das melhores fontes de receita do estado era o marfim vendido na costa aos árabes, portugueses e outros.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Roteiro dos caminhos difíceis

14 de Outubro de 2008, Terça-feira

O sol estava escondido pelas nuvens. O pequeno-almoço foi frugal e o Caçador chegou com o pisteiro que deveria viajar até ao Sul – para Maputo, com saudades da família. Saímos às 6 h 30 min de Palma, pela pista vermelha em bom estado, descendo um desnível de placa de arenito, em boa velocidade até Mocimboa da Praia. Paragem obrigatória para Café. A precocidade da saída não permitiu mata-bicho eficaz na Pensão, há que completar. Atestar, imediatamente, o depósito. Desta vez, o ATM não faz falta. Estrada principal, alcatroada, longas rectas, aldeias, vai subindo ligeiramente, até avistar o planalto. Traço amarelo avermelhado delimita no alto o horizonte de escarpa a oeste. A subida acentua-se, a perspectiva altera-se, estamos a chegar a Mueda. Vila com bastante gente, mercado bem abastecido. Íamos à procura dos artesãos do pau-preto; muito difícil, não há placas, a expressão em português é singular; após várias tentativas, um velhote leva-nos até um artesão com uma escultura de multidão humana em torre hiper realista com 2 m de altura; pediu 7.000 Meticais, respondi que não cabia no carro. Fomos com o mesmo senhor a outra palhota, perto da estrada. Na zona do bambu amarelo. Apareceram 2 monstros surrealistas, 2 figuras humanas estilizadas e esbeltas, um homem e uma mulher, 1 busto de guerreiro; aqui fala-se Maconde; curandeiro diz-se Mutela, feiticeiro diz-se Muavi. A vila está animada e o mercado é o lugar mais movimentado. O músico tradicional Maconde na moda é o Chibunga. Compro 2 cassetes de um grupo de artistas locais, que cantam em Maconde e em Português. Voltamos à pista de areia, agora na rota da guerra de libertação e independência. Monumentos aos heróis, vários, muito coloridos e naif, Eduardo Mondlane, a aldeia do primeiro quartel da resistência armada, avenidas de buganvílias roxas, até Muidumbe. Á direita, para Sul, o alcatrão está razoável, até Chai – local onde foi dado o 1º tiro da Guerra de Independência. Compramos uma capulana diferente. Seguimos ligeiros para Macomia: paragem no bar do português, 1 sumo, 1 sandes, 1 café, comprar água fresca e vamos embora. Em Muaguide re entramos no Parque Nacional das Quirimbas, em Sunate deixamos o nosso amigo pisteiro que continuará para Nampula, viramos à esquerda para o litoral e chegamos a Pemba com 750 km. Marco logo 2 mergulhos no C.I. Divers para amanhã.