A Poente...

A Poente...
Na Baía de Nacala!

Alfacinha

Alfacinha
encontra Mapebanes

Luso calaico

Luso calaico
visita Etxwabo

domingo, 23 de novembro de 2008

Roteiro dos caminhos difíceis


9 de Outubro de 2008, Quinta-feira

Levantámo-nos às 5 horas para tomar o mata-bicho preparado pela goesa obesa na sua cama de cozinha. Demorou, como habitual, mas cumpriu a sua função. A equipa já estava no local, apresentou-se o capitão e foi tratar dos preparativos. A praia de Mocimboa tinha já algum movimento, mulheres pescavam á rede na água pouco funda, o barco reclinava-se na areia. Para iniciar a viajem de dhow, vários homens vieram ajudar a empurrar, arrastando o barco na areia em água pouco profunda. Depois foi içar a vela, que contrariando o vento de nordeste, nos puxou silenciosamente, á bolina, em direcção à ilha Muichanga. Lentamente saímos da baía, a Sul avistamos a ilha de Nhunje, a sudeste a ilha de Tambuzi, a Norte Micungo. Após 3 h mudamos a vela e fazemos direcção a Norte, ultrapassando largamente Muichanga. Voltamos a mudar a vela e orientamos a sudeste, avistando a ilha de Yussune e o rochedo. Acostamos na praia da enseada oeste de Muichanga após 4 horas e meia de vela. O povo vem ver os brancos. Com fome e sede, desafiamos o sol violento, comemos umas bolachas com polvo logo ali na areia da praia. A água está morna mas sabe bem. Aqui o mar convida mas a visibilidade sub aquática não é a melhor e o fundo de areia fazem com que a caça em apneia seja medíocre; optamos por um passeio a pé ao longo da praia, visitamos as ruínas de casas dos portugueses na sombra das casuarinas, saudamos o casal de namorados, mulher com muciro, deparamos com o lago interior, verde, escavado na rocha e pouco profundo, de água salgada. O calor aperta, o sol escalda, mas parece que as cobras só saem à noite. Regressamos pelo carreiro interior, atravessamos a aldeia calma, talvez com 300 pessoas. O banho recompensa o esforço e os marinheiros desencaminham as garotas. O que dizem, amurimaia (não se sabe). O dhow chama-se Mungano ni bora (trabalhar juntos é bom) e a tripulação prepara-se para o regresso. Saímos para Mocimboa com mais 4 passageiros, 1 homem, 2 mulheres, 1 lactente. Com vento de feição, o barco galga as ondas em direcção à costa e em 2 horas e meia estamos em Mocimboa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bebo os seus roteiros como se passeasse num deserto com uma só vasilha de água - aos pouquinhos, para que não escasseie.
Moçambique por caminhos fora do tempo – o nosso – com gosto a tambores e jardins das mambas verdes, com mulheres homens e crianças que vivem riem e dançam numa sinfonia de cheiros e movimento.
Obrigada
Ana
Genebra