A Poente...

A Poente...
Na Baía de Nacala!

Alfacinha

Alfacinha
encontra Mapebanes

Luso calaico

Luso calaico
visita Etxwabo

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ten years after

Sem brigas, pela simpatia das pessoas, pelos desenvolvimentos naturais das acções, o vento moderou o clima e está-se quase completamente bem. Então, parece que por consequência directa, aparece a reflexão sobre porque não mais meditação, análise, síntese, conclusão, proposta, edição, divulgação – influência das redes sociais? Claro, sei perfeitamente o valor e a insignificância dos grandes livros. Mas quem poderá avaliar precisamente os efeitos directos e indiretos das ideias propagadas em palavras numa determinada conjuntura e tempo?
Deparei há poucos dias, quando visitava sites com Probarroso na internet, com a acta da Assembleia Municipal de M em que a Câmara pede a saída da associação. Penso que muitas pessoas e organizações podem atestar e reconheceram o enorme trabalho que aquela associação fez em favor do desenvolvimento sustentavel do Barroso – existem hoje muitas resultantes activas do seu trabalho. Então as mentiras que o Presidente da Câmara apresenta como “verdade verdadinha”, que a própria Assembleia denuncia como uma perseguição pessoal, destinam-se a “queimar” o “herege” Paulo Pires. Esta perseguição manteve-se durante 5 anos, sistemática, até chegar ao caso caricato da Clicoopsa, projecto de clínica cooperativa de promoção da saúde, tratamento e reabilitação: projecto de arquitectura aprovado, estudo de viabilidade económica realizado e eficiente, financiamento conseguido, terreno adquirido, em Salto. O PC recusa passar a liçença de obra enquanto o Dr. Paulo estiver à frente do projecto.
Pequenas estórias do quotidiano ou do Zé Ninguém. No entanto são todas estas gotas que fazem transbordar o copo. Este é mais um caso banal, dos muitos que constroem a crise financeira global. Atraso do desenvolvimento, prisão da iniciativa, poderes usurpados que impedem a criação de emprego e a melhoria da economia das famílias. O PC tinha 4 BMW. O grande capital, ganha sempre, mais ou menos; depois os políticos, ganham sempre, mais ou menos; quem se lixa? Toda a gente sabe: a classe produtiva – aqueles que só sabem trabalhar. A classe produtiva deixa-se levar pelas imagens do consumo aspirando a ser claro “ricos”! O círculo vicioso está criado: trabalhar para consumir, consumir sem regra ou critério, saqueando rápidamente todos os recursos. Precisamos de um novo “livro da consciência”!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quelimane

Levantar às 13, pequeno almoço de fruta. Pela rua de alcatrão esburacada, pela estrada nova alcatroada, pela outra rua de terra de lombas e valas de matope, até ao recinto nas trazeiras do Mercado Central, agora também transformado em terminal de transportes, obrigado pelas obras na rua central. Os “chapas” de Lualua ou Liquari, apregoam destinos. A drenagem da água do buraco central da zona está em curso, vários homens atarefados, máquina em movimento. Passam muitos taxis bicicletas, alguns com passageiros, que desmontam, outros com cargas, de todas as qualidades – levantam as bicicletes ao passar sobre a grossa mangueira de água. Um ou outro faz batota. Um pedinte, cheira a álcool. Batatas, couve, pimentos, alface, galinha. Café expresso e água pequena na Lanche Net, a ver as Muzubias passar, algumas bem feitas, outras bonitas, outras sem mais, outras feias. De quando em quando um carro acelerado levanta poeira. A tranquilidade do estar.

Les grands voyages

10 de Agosto de 2010

Safari Tanzania 1
Saída na terça-feira muito cedo de Quelimane, ainda noite, nevoeiro baixo, pelas longas rectas em cima do velho dique. Em Africa, dizem que é aconselhavel só viajar de dia, assim quanto mais cedo chegar ao destino, melhor. Paragem em Nicoadala para incorporar H – preparativos demoram até ao nascer do dia, pequeno almoço e outros. Arranque em boa ordem, sempre a 90 em estrada de piso regular, música de radio, percorro a baixa Zambézia, verde e plana, passo Namacurra, vários rios, começam a aparecer ao longe alguns picos rochosos e após 1h 30m, sumo e café na pequena cidade de Mocuba. Tento telefonar ao I para combinar o encontro com o H. Os telefones, como é hábito, não funcionam. Atravesso o Rio Licungo pela velha e comprida ponte de engenharia portuguesa, mais 10 km muito bons, rectas ondulandes, depois em Mugeba pista má, estrada cheia de buracos, mais que péssima, velocidade 30 km / hora, segunda, raramente terceira. Estamos já em plena Alta Zambézia e lá muito ao fundo no horizonte o Monte Namuli, por tráz do monte Erego. Paragem para compras de géneros no cruzamento de Nampevo. Ao arrancar, o motor já não pega, parece que a bateria não funciona: abrir capôt, borne solto, impossível de apertar com chave; a fixar à mão em cada arranque, com o capôt aberto! Chato. Uma hora e meia de boa estrada, montes e colinas, até ao petisco no Molocué, onde mora o H; o Glorioso despacha rápido, compro os ótimos amendois a 5 meticais o “vidro” na banca do cruzamento principal. Mais quente ainda até Alto Ligonha, janelas abertas e muito vento e são outras 2 horas até à cidade grande capital do Norte. Como sempre, muito movimento, camiões carregados, centenas de bicicletas e motorizadas, milhares de pessoas, fábricas, comboio, sinais vermelhos. Chego directo no bairro em Nampula, ruas cheias de lixo, barracas de palha, bloco e tijolo, vendas de tudo, roupa, sapatos, malas, capulanas, produtos de limpeza, quinquilharia. Procuro sítio para dormir, está tudo cheio; a única possibilidade, fraca, é por trás do mercado municipal; preencho a ficha e deixo o saco. Passo para a reunião com o I, no Sporting, para falarmos sobre o contacto do colega para a montagem de laboratório na “futura clínica” de Quelimane. Jantamos com um grupo de amigos dele, antigos colegas também, muito bem dispostos e com boas histórias, da vida e de Moçambique, de tradições e factos insólitos. Mas o descanso é merecido e retirome cedo que amanhã é outro dia. São só os primeiros 600 km de viagem. Dou umas voltas nas ruas centrais, ver o movimento, pouco e passo para a residencial Muz que se faz tarde.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Le paradis est ici

11 de Agosto de 2010

Hoje é quarta-feira e na hospedaria não servem “mata-bicho”. O carro está guardado no pátio interior, desta vez não lavaram. Pago, abaixo da tarifa porque o quarto não tinha água corrente (duche de caneca, etecetra). E saio, ainda de manhã cedo, para café e entrevista telefónica com 3 colaboradores da ONG (sediada em Maputo), no Sporting, durante cerca de uma hora – candidatura a posto de trabalho em Moçambique, nesta organização americana. Cumprimdo a velha máxima trabalho = férias, férias = trabalho (pouco mais ou menos o paraíso é mesmo aqui). Visito o Museu de Nampula, exposição da etnografia Moçambicana do Norte e Centro, com os ateliers de artesanato no pátio trazeiro, escultura em pau preto predominantemente Maconde, alguns batuques e outros instrumentos, ourivesaria. A partir de agora, junto à costa e já em preparação do Swaili Tanzaniano, a expressão chave é: Salamalecum! Malecum salam! Depois saída de Nampula, boa estrada a descer em direcção a Nacala e ao litoral, compro castanha de Caju, viragem à esquerda em Namialo, mercado cheio de gente; paragem em Nacaroa para comprar duas esteiras, estrada piora, Namapa, atravesso o Rio Lúrio, entrando em Cabo Delgado; Ocua, Chiúre, viragem à direita em Metoro e chegada a Pemba já de noite. Tenho um quarto no primeiro andar do Wimby Sun, junto ao Diving para ver se amanhã há possibilidade de mergulhar; estamos na época baixa, não é difícil encontrar alojamento aqui. Foram mais 400 km hoje, estão feitos os primeiros 1.000 km do Safari Tanzania.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Is there anybody

12 de Agosto de 2010

Em Pemba, Wimby Beach, a Arquitecta R vem me buscar ao hotel no seu mini jeep e leva-me para o centro da cidade, sempre junto à marginal, à conversa na sua viatura TT. No centro dos centros, tentativa de acesso à internet (para aceder ao Plano de Maneio da Lagoa, enviado de Maputo) falhada. Almoço junto ao mar, vista explendida, mas serviço exageradamente lento; quase que desisto – escândalo? Ma non tropo! Acabo por comer. Peço desculpa, novas tecnologias da comunicação apoiadas nos ditos “telemoveis”, porque vou chegar atrasado. A Reunião com a D sobre a EETLK, Parque Nacional das Quirimbas, decorre calmamente, sem problemas, muito cordial, durante uns 90 minutos. Volto para Wimby e vou ver o P no Pemba Diving: mergulho só talvez amanhã; mas não é certo, se calhar só de tarde. Avanço, praia fora maré baixa, para uma visita ao barco do G; subo a escada e depois de circundar o convés sento-me à mesa dos mapas; chegam D e B, falamos sobre os cabos, as roldanas, as velas, a impermeabilisação, as âncoras. O sol chapa forte. O veleiro está encalhado na areia da praia vazia. Regresso ao Hotel para uma pequena sesta. Bate o vento, abre o apetite e há que sair para jantar. Muito perto, sempre animado, em cima da praia, música ao vivo - embora um pouco spaced out - está o Dolphin, mosquitos não largam, chega o R. O serviço está um pouco desleixado. Mergulhar não vai dar. Então, let´s go north! Cama, que amanhã há muitos kilómetros para fazer. Tarefas cumpridas, let’s go exploring!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Terras Maconde

13 de Agosto de 2010

Saida de Pemba cedo, velocidade constante, boa estrada para o interior, savana e floresta secas, virar à direita em Sunate, passar a floresta mais densa e verde do Parque Nacional das Quirimbas, para Macomia. A partir daí a estrada está péssima, até Chai e ao cruzamento para Mocimboa da Praia; viro à esquerda para Mueda, sempre pela estrada principal, um pouco melhor, que vai subindo lentamente, até avistar o planalto. Subida ígreme e estamos no famoso planalto Maconde, grandioso, pouco mais à frente a vila de Mueda, sede de Distrito; foram mais 400 km em 5 horas. Re-atesto o depósito de diesel, encomendando logo o “jantar” ao Sr. Coelho, antigamente no bar da estrada no cruzamento de Macomia, agora na pensão para a dormida, em Mueda. Uma boa galinha assada, batata frita e salada, laurentina bem gelada, café. Depois um passeio a pé pela rua principal, muita gente no mercado, ambulância a entrar no Hospital, bicicletas muitas e motorizadas algumas, carros (carrinhas de caixa a maioria) poucos; pela areia, andando lentamente até ao fim do alcatrão, onde se encontra a antiga casa da administração portuguesa. Moradia pequena, branca, local do histórico “massacre” – tem um museu, mas já era tarde e estava fechado. Desvio 100 m a Sul, estou sobre a linha de crista do planalto: ao longe e em baixo, a paisagem da planicie de savana estende-se a perder de vista. O sol já se pôs, em tons lindíssimos, está na hora de regressar, calmamente sem pressa e de ir dormir. Amanhã há que levantar muito cedo; porque até aqui, o percurso já era bem conhecido; mas daqui para a frente, está tudo por descobrir!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mambo

14 de Agosto de 2010

Sábado. Saio muito cedo, alvorada a despontar. De Mueda até Negomane, são 150 km de pista, razoável em geral, maior parte de areia, sempre para o interior, que se vai aproximando a pouco e pouco do grande Rio Rovuma, percurso feito em 3 horas. Passamos Gungure e Nazombe, descemos o planalto e abordamos pequenas colinas, curvas e piso rochoso. Depois existem 4 ou 5 bocados muito maus, perigosos mesmo: pó vermelho finíssimo, aderencia zero; em terceira a 60, deslize à direita, saída da pista com subida da berma, sem árvores, estabilização, paragem, retomo a via principal. No problem! Raros macacos (2) e muitas queimadas, cinza, carvão, fumo em alguns sítios. De repente, galga-se da pista para uma recta perfeita de alcatrão, com sinalização muito bem pintada (financiamento chinês). Lentamente, ao longe, aparecem 2 enormes presas brancas verticais - imitando os dentes de elefante, marcando a travessia. A passagem do posto fronteiriço moçambicano, perto da vila de Negomano, pelas 8 h, faz-se sem dificuldades e a Ponte da Amizade, obra bela de estilo e forma, leva-nos até ao lado norte do largo Rio Rovuma. Em Masuguru, o visto são 50$US, o seguro do carro 25 e o Boletim Internacional de Vacinas controlado para a Febre Amarela. A revista do carro é anunciada mas simbólica. Mas o número de motor é metódicamente verificado tendo sido detectado um erro de transcrição – corrigido sem mais problemas. Seguem-se 40 km de pista média, não se enganar nos dois desvios, até um cruzamento principal onde a estrada está em construção (Nangomba) e voltamos a apanhar bom alcatrão, mais 70 km, até Masasi. O ATM do Banco funciona com VISA, mas como não há valores cambiais à vista, está um caos para as contas. Mais 124 km de alcatrão regular, bonitos montes e palmares, aldeias com cabanas e barracas idênticas às de Moçambique, até Lindi, já na costa, com praia e larga baia de mar azul. O vento é fresco. Total percorrido hoje, 400 km, ainda é dia, procuro sítio para dormir. Hotel na praia, 85.000 Sh, muito caro. Vejo preço do diesel, confirmo o valor do dollar (1$US=1.540 Shilling). Tiro 150.000 Sh no ATM e atesto o depósito. No Adela Lodge tem um quarto a 15.000 Sh, com casa de banho privativa e água quente. Peixe e batatas fritas, molho picante, cerveja gelada. Soube muito bem. Mas o corpo pede o descanso.
Para já preciso das expressões básicas para comunicar. Em Swaili, obrigado diz-se ASSANTÉ, e muito obrigado, ASSANTÉ SANA!
Bonitas palavras em Swaili são:
MAMBO !? (= Como está?);
BOA (= Bem);
KARIBU! (= Bem vindo).

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pista terrível

15 de Agosto de 2010

Domingo. Preparo-me psicológicamente para mais 464 km de estrada africana, percurso para Norte, paralelo à costa, de Lindi a Dar es Salam. Retiro mais 150.000 Sh no ATM e faço os primeiros 250 km em estrada de alcatrão boa, com exceção das lombas altíssimas e estrias repetidas muitas vezes, em todas as aldeias, que parecem desfazer o carro com a vibração. Muita atenção, alguns camiões de longo curso, as galinhas e as cabras atravessam a estrada nas aldeias, causando algum slalom! Então aparece talvez o pior de todos os bocados de pista em Ndundu: estrada em construção, picada alternativamente de um lado ou do outro, de areia funda, solta, muito irregular, lombas e valados, buracos inesperados não assinalados, sobe e desce, cerca de 60 km em primeira e segunda, quase 3 horas. Cruzo vários rebanhos de gado, caprino e bovino, com os seus pastores. Esta parece ser uma zona inundável na época das chuvas. Seguem-se cerca de 160 km de estrada boa, onde cruzo vários “Masai” reconhecíveis pelo seu singular padrão de vestir (capulanas vermelhas e em tons de azul, pau na mão). Sempre muita gente nas aldeias, bastante pobres, alguns macacos aparecem na estrada perto. Até à abordagem da periferia de Dar, muitos kilometros quadrados de bairros de lata no meio do palmar, dezenas de pequenas colinas, o mar não muito longe, primeiro engarrafamento: um caos de muitíssimos “chapas” e outros, que triplicam e quadriplicam as filas, cortam e invertem, grande barulheira e confusão, 20 minutos para avançar 500 m. Procuro ajuda para chegar a Starlight Street, que fica perto da pensão indicada pelo Dominique. O guia local é agradecido com 1.000 Sh e há 1 quarto livre no último andar do Hotel Holiday, no bairro antigo no centro de Dar. A direcção do carro está muito pesada, deve haver algum problema, verei amanhã; é tarde, noite e estou cansado; também o borne da bateria deverá ser substituido, para evitar ter que abrir o capot de cada vez que tenho que por o carro a trabalhar; o carro está sujíssimo, poeira e areia aos quilos por todo o lado, necessita uma limpeza geral. Amanhã em Dar será o dia para a mecânica! No Holiday Hotel o quarto está a 30.000 Sh, sem pequeno almoço, mas é bastante limpo e tem um terraço com uma vista explendida para as ruas da cidade e as mesquitas. Estamos no Ramadam e os “Moidzin” competem no apelo às orações, através dos "alti-falantes" colocados no alto das torres das Mesquitas. Lavar roupa e jantar no restaurante muçulmano na rua em frente ao hotel: sumo de laranja e boa comida. Totalizo aqui 2.285 km desde a saída de Quelimane. Apesar de não ser a Capital da Tanzania (que é Dodoma, quase no centro geográfico do país), Dar é a maior cidade num raio de vários milhares de quilómetros rodoviários ou marítimos.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Swaili

16 de Agosto de 2010

Com a ajuda do rececionista do Hotel, pago ao guarda nocturno da viatura 6.000 Sh e chamam-me um mecanico para ver o carro, que identifica imediatamente o problema: bomba de direcção com eixo partido. Chama o irmão que fala inglês, orçamento da peça 100 $US (150.000 Sh na casa de câmbio), mão de obra 50 $US, diz que fica pronto em 1 hora. De acordo, chamamos um taxi e vamos ao mercado de peças labiríntico comprar aquela. O mecânico já tinha desmontado a bomba, volta a montar rápidamente, em plena rua, passantes nem reparam. Taxi, 6.000 Sh, óleo de direcção 5.000 Sh, despejo mais 2 l de óleo motor, substitui o borne da bateria, está ótimo. Entretanto, 100 Sh à hora de parqueamento, os empregados municipais colocam regular e compassadamente as senhas quadradas de papel nos para-brisas. A rua e toda a zona é muito movimentada a esta hora da manhã, pessoas e viaturas em circulação constante, bicicletas, muitas motorisadas, carroças e todo o tipo de pequenos transportes. Procuro um "car-wash" - a lingua inglesa predominante no comércio, saio do bairro velho por uma avenida principal, 4 ou 5 km mais à frente já lá estamos: lavagem geral, interior, exterior e motor, assisto sentado num podium à sombra, 20.000 Sh; lubrificação 5.000 Sh, revela que não tem oleo na caixa nem nos diferenciais: compro 10 l, mais 55.000 Sh. Enquanto espero, saio na ruela em frente, pequenas lojecas, compro um cartão para o telemovel com um número tanzaniano – Tigo! O moço instala tudo, está pronto a funcionar. O cash está a acabar, já utilizei hoje o VISA, sigo para um banco para trocar 250 $US a 1.468 Sh (367.000 Sh). Resumidamente, 1 $US = 1500 Sh, 1 Mt = 40 Sh. Finalmente, “Almoço / lanche” no restaurante muçulmano da rua em frente, com sumo de maracuja, bem cozinhado, apetitoso, companhia variada. Por toda a cidade o transito é caótico, quase impossível passar e orientar-se, vale mais andar a pé. Os Moidzin chamam para as orações do alto das torres das mesquitas, forte e bom som. O Swaili soa bastante bem, mas não é fácil: Muhuri wa Msimamizi wa Uchaguzi au Muhuri wa Serikali Ya Kijiji? Ou então: Fomu ya maombi ya kugombea ujumbe wa halmashauri ya kijiji? Adivinhem! Em Dar es Salam, foi fundada a Frelimo. Para Moçambique, tem um valor mítico! É uma grande cidade africana.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Zanzibar

17 de Agosto de 2010

Na terça-feira, o trânsito está intenso, com todos os quadros superiores, políticos e outros – bons carros - a entrar na cidade em direcção ao centro administrativo, junto ao Porto; saio de Dar es Salam para Norte, paralelo à costa em direcção a Bagamoio (vila que acolheu em tempos muitos moçambicanos), em estrada boa são 68 km. Pouco depois entro na povoação, pequena, localizo a praia com os dowhs, pergunto logo se há transporte para Zanzibar; um dos presentes pede 50 $US + 100.000 Sh; esta não é a hora de saída (normalmente viajam à noite, a partir da meia noite ou uma da manhã); o vento está contra, terão que usar o motor e o barco é só para nós; OK. Leva-nos a um complexo turístico para deixar o carro guardado (20.000 Sh). Voltamos a pé ao centro da vila e tomamos o pequeno almoço num bar simpático, junto à alfandega, enquanto o nosso amigo trata dos preparativos para a viagem. As portas das casas são muito trabalhadas, em madeira, com bicos salientes, metalizados e geométricos, constituindo autênticas obras de arte. Vamos para a praia. Depois de alguma discussão entre tripulantes e outros, está muito sol e calor apesar do vento do mar, entramos num dowh; a discussão continua, gesticulam, falam muito alto, mudamos para outro; questão, claro, de pagamentos; carregam 6 sacas grandes de areia para lastro e estamos a arrancar. São 5 tripulantes (o nosso “agente” mais 4 marinheiros), 4 horas de viagem, quase sempre à vela, sempre muito sol, céu azul, mar um pouco agitado. Passamos duas ilhas de areia muito branca, alguns pássaros cinzentos e brancos e duas zonas de fundo baixo, com pedras e corais, cruzamos-nos com 2 canoas de pescadores e um dowh de comerciante. Avista-se muito ao longe e chega-se por fim à ilha de Zanzibar, grande, comprida, com fachadas brancas, rosa e castanho, recortadas de muitos arcos, de arquitectura deveras interessante, uma mistura de Ilha de Moçambique e “próximo oriente”, cerca das 17 h. O Porto comercial estava bastante movimentado, 1 navio a descarregar, 2 flutuadores rápidos 1 a sair, vários outros barcos a passar. Saimos pelo porto de carga da população, para uma rua movimentada; os “Chapas” típicos muito decorados apressam-se a descarregar e carregar passageiros, circulam rápido; seguimos em direcção ao porto de pesca, bem mal cheiroso e o mercado do peixe oferece grande e abundante escolha. O nosso amigo ajuda-nos a encontrar um Hotel razoavel, Adam’ Inn Hotel, Malindi Street, 40.000 Sh por noite, com pequeno almoço. Mesmo à frente, na pequena praça, está o carismático e elegante Cine Afrique! Jantar na Pizaria do Italiano, depois do mercado, bom mas caro: clientes só brancos, mas tem cerveja e vinho. Aqui o mercado nocturno é animadíssimo também, com muita gente, abundância inusitada de tâmaras, todo o tipo de frutos, especiarias, legumes e outros manjares, cheiros e cores surpreendentes. Um pedaço de Oriente!

sábado, 2 de outubro de 2010

Back to the continent

18 de Agosto de 2010

De manhã é para passear no mercado da Cidade de Zanzibar, autêntico “souk”: as lojas – de roupa oriental cheia de cores e brilhantes, de sapatos, de ferramentas, de ouro e prata, de quinquilharia, de alimentação, os clientes muito variados e também coloridos, as linhas das ruas e fachadas, a forte influência muçulmana quase que me transportam para Marrocos ou Tunisia, apesar da numerosa população negra. O ambiente é totalmente Muçulmano; de facto esta ilha não é bem Tanzania, mas uma espécie de protectorado. As ruas muito estreitas e as varandas trabalhadas dão a sombra. Os portais de algumas fachadas, em portas e janelas, parecem rendas de bordados. Do terceiro andar, veêm-se os terraços e as torres das Mesquitas. O ATM está a funcionar, saem mais 150.000 Sh. O nosso amigo pede um preço muito exagerado para o bilhete de volta; o dowh de ontem já não está no porto; discutimos e por fim acordamos um preço de 15.000 Sh / pessoa, mas num barco de população normal, maior, carregadíssimo de tralha (frigoríficos, fogões, máquinas de lavar, caixotes) e pessoas, cerca de 25; só há um pequeno espaço para sentar. Pago 500 Sh para entrar no Porto, ao Revolutionary Government of Zanzibar e embarcamos; muita discussão, saimos lentamente do porto com motor, desfraldam a vela e ganhamos velocidade com vento favorável cerca das 13h 30m. O mar está mais agitado que ontem, com algumas ondas de 3 metros e mais; as conversas e debates vão decorrendo em Swaili, sempre muito animadas e sem problemas chegamos a Bagamoio após 3 horas de vela. A saída na praia é dentro de água, com sacos à cabeça. Retomamos o carro, re-arranjo dos sacos, duche, vestir, Tchau, obrigado e até à próxima. Saio com 2.370 km em direcção a nova pista, mais ou menos regular, para chegar a Msata, já na estrada principal de alcatrão; entretanto, já ao cair da noite, ao passar numa aldeia, Masugulu, ruído de arrasto, o pisa pés do lado esquerdo partiu 2 dos 3 apoios e caiu. Indicam-nos uma palhota, falo (mais por gestos) com o mecânico. Gerador, máquina de soldar, deitado na areia por baixo do carro, aplica vários eléctrodos e a situação está resolvida: 20.000 Sh, obrigado e até à próxima. A partir de Msata a estrada está bastante boa, em direcção ao Norte, faço ainda bastantes km de noite, aldeias como Mabuku, Manga, Mkata, Mgambo, atravesso várias barreira de estrada (polícia) sem que me façam parar até chegar a Korogwe. Não há quarto no Motel White Parrot. Dirijo-me ao centro da povoação, antiga e pobre à direita saindo da estrada principal, descobrindo uma pensão local, muito modesta, onde ninguém fala inglês. Quarto sem casa de banho, mas é tarde, estou cansado, não dá para procurar mais nada. Um dos homens da casa acompanha ao restaurante nas Bombas de Gazolina, onde podemos comer – sofrível! Voltamos à pensão, lavar os dentes e cama – sem rede mosquiteira; mas aqui os mosquitos também não aparecem, está bastante fresco!