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segunda-feira, 31 de março de 2008

Pista brava

De manhã antes do nascer do sol, o capim escorre água e as pegadas muito frescas na areia mostram a passagem de Cudos, Pivas, Urupis, Changos e também do Gato bravo. Os bandos de macacos deixaram marcas fortes em áreas limitadas e os cogumelos, brancos, amarelos, vermelhos, castanhos surgem por toda a parte. Os pássaros tem cantos intrigantes e os perus selvagens fogem espavoridos. Aranhas grandes e coloridas estendem redes armadilhas no trilho.
De regresso à pista os obstaculos aumentam. Troncos enormes atravessam-se impedindo qualquer tentativa de passagem, somos obrigados a contornar embrenhados na floresta. Nesta época de chuvas, lamaçais escondidos no mato ameaçam qualquer tracção. Rios caudalosos, com pontes de troncos mal seguros, desafiam o equilibrio e a perícia; ravinas escavadas obrigam a manobras impensaveis; areias soltas e profundas provocam desafios de velocidade; a mecãnica é posta à prova; os jogos de luz baralham a vista; a atenção é levada ao rubro.
No Posto de Fiscalização de Lisse, na periferia do terreiro bem limpo, o único fiscal da reserva ainda residente, preparou na cerimónia um cone perfeito de farinha bem branca de mandioca, para afastar os maus espíritos, as cobras, os leões e os leopardos. Os hipopotamos tem destruido algumas machambas de arroz, milho e amendoin da população da comunidade envolvente do outro lado do rio. Os leões rugiram de manhã cedo hà dois dias.
A festa anunciou-se pelo grupo de mulheres a cantar. Na noite escura de céu muitíssimo estrelado, o prato de lata no topo do pote esférico de barro, cadenciadamente batido e variado, marca o ritmo da terra. O coro polifonico repetido e prolongado, atinge tons inesperados, surpeendentes, maravilhosos. As palavras traduzem-se em erotismo e destino, multiplicação e celebração. O monte Gilé perfila-se no azul universal.

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