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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Domingo, levantei-me às 6. Saí com mochila e pau no Surf e às 6h 30 estava no largo de Marrere, em frente ao Hospital, a pegar no Augusto António. Saimos pelo norte até à primeira principal à esquerda, caminho quase sempre bom de areia, um pouco estreito, 3 passagens de ribeiros agora quase secos, e chegamos até à encosta da Serra de Muhito: 30 min de caminho, 15 km. Preparamos-nos para a subida e toca a largar encosta acima; são 7h mas já está calor; mato meio denso, árvores grandes, vamos sem carreiro, capim forte meio queimado, flores de cores muito vivas; depois do primeiro penedo, pequeno vale, muita pedra solta, grande e pequena; recomeçamos a subir, apanhamos antiga machamba e logo depois um carreiro íngreme; não longe ouve-se o bater de alguém que corta madeira; passamos um pau bom, cortado e descascado, a secar; transpiração é muita; sai uma galinha do mato a voar por cima de nós; mais um pouco e atingimos o primeiro colo. Paramos para beber água. Á esquerda, no próximo monte (no principal dos 3 picos), afigura-se uma mulher gigante. No vale em baixo, algumas machambas, poucas casas. Retomamos para o cume à nossa direita (a norte) e deparamos com uma machamba já semeada de milho e logo a seguir mais acima uma palhota em construção (os paus que definem a estrutura). O mato aqui é mais denso, muito bambo e aparecem novas flores (uma parecida com o colchique), borboletas a acasalar e escaravelhos vermelhos; passam 2 pombos bravos. Subimos um penedo liso, passamos uma árvore estranha e estamos no cume, após 2 horas de subida puxada. Paisagem infinita, Nampula muito ao longe – quase não se vê, montanhas por todo o lado, uma luz prateada ofuscada por um ligeiro nevoeiro enfumado. Um vento fresco extremamente agradável! Sentamos-nos à sombra para comer umas bolachas e beber água; vamos falando; árvore boa para madeira, umbila; árvore boa para tratar as constipações, ferver a casca e misturar um pouco de cinza; árvore descascada, para fazer cordas. Com os binoculos faço o scan aos pontos cardeais: uma picada a oeste; no vale em baixo vê-se roupa pendurada numa casa mas não se vê ninguém; a norte o segundo cume da serra, mas separado do nosso por um profundo vale. Passam andorinhas. Após uma horita de descanso, retomamos o mesmo percurso para o regresso; serão mais 2 horas a decher, sempre com cuidado e sem pressa (para baixo todos os santos empurram, para cima nem o diabo ajuda), passamos uma mangueira e apanhamos 2 madurinhas; uma antiga machamba, com enormíssimas plantas de mandioca (5 m); algumas bananeiras, sem frutos; massala, outro fruto desconhecido, passa um cão, sem hesitações e sem coleira, como se fosse dispachado ao seu destino. Aqui as pequenas flores vermelho vivo sinalizam o horizonte próximo, enquanto as formas graníticas elaboradas limitam a perspectiva visual. No útimo relevo, perdemos a localização do carro, andamos um pouco, espreitamos a sul – não parece, retomamos a norte, volta a passar o mesmo cão; seguimos o trajecto do mesmo; abordamos a primeira casa; uma mãe de 6 filhos escolhe os grãos de milho do ano passado, ao mesmo tempo que dá de mamar; a filha mais velha ajuda; o marido diz que o carro está mesmo ali ao lado e vai apanhar mangas para nos oferecer; 2 de conversa e retomamos o veículo, não sem que eu tenha oferecido um pacote de caixas de fósforos ao senhor, e feito uma “grande necessidade”! O regresso é escorreito, boa música; paramos na ponteca do Rio Miaua para tirar umas fotos, 5 raparigas fogem a correr! Depois dizem adeus, de longe. Nos cruzamentos, grupos de mulheres vendem e bebem bebidas fermentadas (de caju -  cabanga e de farelo de milho). Só paramos no mercado de Marrere, ele para comprar pão (dei-lhe 70 paus) eu pepino, limão, castanha, cigarros. 6 horas de viajem e chego a casa. Descanso!

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