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sábado, 7 de novembro de 2009

Buscando raízes

Levantamos cedo na calma do Macanji e saimos mesmo sem tomar o mata-bicho, atravessando Mucupia, pouca gente na rua, voltando na saida para Gonhane, virando logo à direita na margem do palmar, mais uma vez à direita para dentro, algumas palhotas, a pista imagina-se para chegar ao Cemitério familiar pelas 7h. Cerca de 40 pessoas distribuem-se por uma àrea rectangular, com alguns coqueiros, aquelas àrvores pequenas de folhas verde garrafa grandes e flores brancas muito bem cheirosas, varrendo, arrancando arbustos, cortando a erva, retificando os túmulos em terra, arranjando flores, falando. Várias campas em cimento são grandes e apresentam 3 ou 4 cruzes. Uma oração solitária. Afasto-me para ouvir os pássaros. Troco os bons dias com raros passantes. As crianças, muitas, aproximam-se: claro, não faltam os rebuçados de coco. Concluidos os trabalhos, as pessoas retiram-se em pequenos grupos, os da família mais próxima regressam à palhota da avó e lavam-se com a água do buraco pouco fundo, perto do declive para a baixa onde se semeia o arroz. Também bebem esta água turva acastanhada, não a fervem, não a tratam, dizem que estão habituados, não lhes faz mal. Sentamos-nos nas cadeiras dispostas em fila logo à nossa chegada e as conversas rolam em Português, Macarungo e Chuabo (Etxwabo). Aqueles que não vieram participar na limpeza do Cemitério, deverão dar um contributo em dinheiro. A neta deixa 50 Meticais e um sabonete. Despedimos e agradecemos. Seguimos já ao fim da manhã para a zona da outra avó, não muito longe, do lado (do Seminário) dos Padres junto ao estuário. O Avô recebe-nos animado e insiste muito na necessidade de ficarmos a dormir aqui hoje, na medida em que para ir à ilha terá de ser feita uma cerimónia e assim a visita deverá permanecer na casa da família. Chega um tio e mais outro, um primo e mais outro. À sombra do pequeno rectangulo de paus cobertos pela trepadeira de maracujá, fala-se da vida de cada um, das história passadas, sempre muito engraçadas, do comportamento deste e daquele familiar. Por tráz das duas palhotas está em curso a construção de salinas, com umas dez pessoas a trabalhar na remoção e alisamento de terra – o chamado “matope”; o problema até agora era que os tanques não conseguiam reter a àgua; mas mais recentemente, há já meia duzia de tanques que parecem funcionar; não se sabe ainda quando poderá ser tirado o primeiro sal; tudo graças aos “7 milhões” e também à contribuição do Avô. A Avó está de acordo: podemos visitar a ilha dos antepassados. Decidimos então regressar à pensão para anular a reserva de hoje e recolher os sacos. Rápidamente retornamos à Vila, onde o tio irá para o mercado adquirir o necessário para o Mucuto. Um duche no Macanji, comprar cigarros, Zed, mais qualquer coisa e regressamos a casa dos avós. Estaciono o carro, a tenda monta-se sózinha e preparo o necessário para a noite. O jantar está pronto, à luz da pilha e da lua, arroz local, muito, com caril de coco e galinha, está razoável; no final, mais uns pedações de frango assado, melhorou; tinha trazido umas Super Bock, um pouco quentes mas de fato ótimas neste ambiente. As histórias são muitas, ao lado do fogo; os tios aparecem, muito animados, estiveram a beber bastante cachaço; vamos controlar alguém para guardar a canoa, já apalavrada pelo tio, para que não saia para a pesca de manhã antes de nós chegarmos. De facto, a cerimónia só será realizada na ilha da família. Céu bem estrelado, apesar da luz do quarto crescente, às vezes escurecido pelas nuvens. Saída marcada para as 6 da manhã, vamos dormir; um vento fresco marca um clima ótimo. Parece de propósito, os coros das mulheres, de três palhotas perto, ecoam alegremente e de forma compassada, musica suave que embala os sonhos.

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