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domingo, 8 de novembro de 2009

A descoberta de Iunga

Saio cedo da empresa, passo em casa buscar o essencial, paro na marginal, a maré está quase cheia e o movimento é intenso. Vou a pé ver como está o barco atracado e pago o bilhete. De marcha atráz, meto o Surf na rampa do porto da população de Quelimane, manobra delicada para entrar no ferry que já tinha um camião grande (recuou ligeiramente o máximo antes de eu chegar), ficando as rodas da frente bem sobre a rampa de carga do barco, cheio de gente, bicicletas carregadas de pesados sacos e motorizadas. Depois da sirene saimos pelas 16h 30 e em 10 minutos atravessamos o Bons Sinais e estamos a desembarcar na Recamba, já Distrito de Inhassunge. Seguimos directos pela péssima pista de areia, muito irregular, cheia de lombas e buracos, numa paisagem plana de capim e mangal ao longe, em breve arrozais a perder de vista, árvores de tronco amarelo e verde alface, inclinadas e elegantes, até Mucupia, sede do Distrito. Paragem logo à entrada no amigo Macangi, reserva de quarto e de jantar. Agitação no ar, vários carros e brigadas de diferentes candidatos às eleições Presidenciais, Legislativas e Provinciais em acção, colam cartazes neste fim de tarde quente. Passamos para o outro extremo da Vila até casa da avó, junto ao cemitério onde estão enterrados a maior parte dos familiares, em especial o Avô e o Pai – túmulo em terra. A família reune-se e ouve as visitas: vinham para limpar a campa do pai e pôr flores. Muito bem, amanhã de facto já havia um “programa” para aquela pequena comunidade: a limpeza geral do cemitério; começará muito cedo, por volta das 6h. Agradecemos e despedimos, está a escurecer. Deslocamos-nos para próximo, noutro bairro, paramos e visitamos uma tia avó, tida como um pouco louca, é convidada para participar também no dia seguinte e é-lhe pedido que não se venha a zangar. Diz que sim, que virá e de maneira nenhuma se irá zangar. Continuamos um pouco mais, no meio de coqueiros, arbustos, mangueiras, cajueiros, capim alto, paramos e deixamos o carro que não passará uma certa vala; seguimos a pé entre as palhotas e chegamos a outra casa dos avós. Esta avó, será aquela que detém a permissão de acesso à ilha deserta, propriedade da família, herança do Avô, chamada Iunga. Está difícil, um determinado tio deveria também autorizar. A visitante discorda a conversa anima. De qualquer das maneiras terá que ser feito o Mucuto (cerimónia). Veremos amanhã se conseguimos organizar a expedição; o avô lamenta que se tenha reservado quarto na pensão; gostaria que se dormisse ali mesmo, pensa que foi uma escolha totalmente errada; não queriamos incomodar, também o medo dos mosquitos. Talvez amanhã, se formos à ilha. Despedimos-nos e voltamos à pensão. Um bom jantar de peixe fresco, batatas fritas, salada de tomate e cebola, laurentina bem gelada, café. A musica, entre passada, kizomba e marrabenta, está mesmo boa. Amena conversa com o Sr. Macanji, personagem educadíssimo, bem disposto e ótima companhia. Vamos dormir que amanhã há que levantar antes do sol.

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