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segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Moçambique, 1975.


“Em setembro de 1974 Portugal concedeu o poder à Frelimo, mediante um período de transição de nove meses. Poucas horas depois da notícia, brancos de direita iniciaram uma revolta que foi derrotada. O êxodo dos brancos aumentou. Na altura em que Moçambique fica independente, junho 1975, o país tinha perdido a maioria dos funcionários administrativos, gerentes, técnicos, operários e comerciantes. Cerca de 200.00 brancos fugiram de Moçambique, abandonando quintas, fábricas e casas.
Desafiando as carências críticas de pessoal especializado, o líder da Frelimo, Samora Machel, lançou-se na transformação da luta de libertação numa revolução total, utilizando o Marxismo-Leninismo como a linha orientadora. A Frelimo legisla uma série de Decretos lei nacionalizando quintas, negócios e fábricas; introduz a planificação económica centralizada; determina produção agrícola coletiva; e tenta uma estratégia de “aldeamento” semelhante ao programa ujamaaa da Tanzânia. Grupos de ativistas partidários (grupos dinamizadores) foram enviados para fábricas, escritórios, negócios, hospitais, escolas e municípios para reforçar a linha do Governo. No seu objetivo de modernização, a Frelimo também se lançou na limpeza dos tradicionalismos culturais e fundiários para eliminar a influência dos Régulos e dirigentes locais. A Igreja Católica e os seus aderentes foram outro alvo. A Frelimo decretou o fim dos festivais e cerimónias religiosas, apoderou-se das propriedades da igreja e proibiu as atividades na educação e no casamento. As religiões tradicionais foram também proscritas.
“”O nosso fim””, declara Machel em 1977, “”não é ostentar uma bandeira diferente da dos Portugueses, ou realizar eleições gerais – mais ou menos honestas – em que os pretos, no lugar dos brancos, são eleitos, ou ter um presidente preto em vez de um governador branco…afirmamos que o nosso objetivo é conseguir a independência total, para estabelecer o poder do povo, para construir uma nova sociedade sem exploração, para benefício de todos aqueles que se consideram Moçambicanos!””.
Estes sentimentos excelentes, demonstraram-se ruinosos. As políticas de Machel provocaram um descontentamento geral que eventualmente alimentou a guerra civil.”


Martin Meredith. White Dominoes. The State of Africa. Simons & Schuster. London. 2011.

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