A Poente...

A Poente...
Na Baía de Nacala!

Alfacinha

Alfacinha
encontra Mapebanes

Luso calaico

Luso calaico
visita Etxwabo

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

É Natal

24 de Dezembro 2009

Prepara-se um grande parto. O estaleiro no topo da duna, junto ao farol da praia do bairro de Paquitequete, apronta-se a lançar nas águas da baia de Pemba, o veleiro ainda sem mastros, construido em madeira durante seis anos pelos carpinteiros navais locais. São os últimos preparativos, alguns toques de calafetagem, pintura do branco, remoção das canas e chapas de sombra. A cerimónia é conduzida pelo velho lendo os capítulos apropriados do alcorão, ajudado pelo jovem que acentua o coro e coloca os paus de incenso.
Abre-se o estaleiro retirando as paredes de caniço. Retira-se o pessoal e afastam-se as crianças. Ajeitam-se as tábuas longitudinais e os rolos transversais para a viagem. Amarra-se a corda, enchem-se e instalam-se os sacos de areia, aplica-se o macaco que levanta trinta toneladas. Removem-se, um a um, os calces. Rasgam-se os sacos de areia. O barco descai sobre os rolos de metal. A população ordena-se pelos dois ramos da corda e concentra-se no esforço. Fala-se muito alto. O movimento será ditado pelas palavras!

São várias tentativas sem resultado. A corda é manifestamente muito insuficiente. O percurso inicia com uma ligeira subida. Decide-se amarrar também a grossa corrente metálica da âncora. Aplica-se oleo nos rolos. Concentração geral. Ritmo gritado cadenciado. O enorme esforço arrasta o barco quinze centimetros. O pessoal anima, mais vinte centimetros. Mudam-se tabuas e rolos. Continuamos, o entusiasmo acentua-se. Fazem 10 metros, insistindo na curva a bombordo para encurtar caminho para a água. O movimento “rápido” e a falta de atenção na colocação do rolo para o estabilizador de bombordo, provoca a queda do barco e a fractura daquele.

O desânimo é pesado e a agitação está no auge. Devem estar por aí 150 pessoas, entre os 70 homens contratados, mulheres, crianças e espetadores. Fala-se e grita-se muito. Vários grupos empreendem acaloradas discussões. Mãos à obra, quer dizer, à madeira, com toda à gente a endireitar o barco. Ritmo cadenciado. Palavras gritadas, coro surdo. Mexe. Cunhas preparadas. E sobe 5 centimetros. Outra vez, mais 10. Mas descai um pouco. O pessoal está cansado. Volta a insistir e melhorou. Concentram-se na popa. Em coro. Fica direito. O estrago no estabilisador não é catastrófico, será possível resolver sem grandes contrariedades.

A tarefa não foi concluida. Estamos a 50 m do mar. O Chefe de 10 Casas arranjou alguma confusão com os pagamentos do pessoal ficando decidido adiar para amanhã de manhã. Ámanhã será sobretudo necessário reparar o estabilizador, prevendo-se que o barco só possa sair para o mar dia 26.

Sem comentários: