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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Entusiasmo

28 de Dezembro

Na cidade baixa as lojas estão concorridas, grupos de homens sentados na sombra dos armazéns, cabras passeiam nos jardins, duas pessoas levantam dinheiro no ATM. Como prioridade antes de descer à praia, comprar garrafa de água.

O amigo francês sentado à sombra do telheiro de bambu da sua lancha em reabilitação parece dormitar. Presentes o Capitão e os 2 carpinteiros principais. Vamos então buscar um tractor mais potente, com tração 4x4, pesado, rodas grandes.

Dispoem-se as pranchas. Estica-se a corrente, as cordas ficarão para as pessoas. Combinam-se os sinais. O homem tenor arranca a fala sincopada. O coro eleva-se, o trator mete primeira, o barco deliza 20, mais 15, mais 10 centimetros. Parar. Retirar troncos, rolos e tábuas, escavar mais á frente, voltar a colocar. Novo posicionamento. Voz, arranque, fazemos 1 metro, parar. O processo vai-se repetindo. O entusiasmo é geral. Cinco mulheres protagonizam a liderança e incitam a continuar para o mar, carregando tabuas e rolos. Com a ajuda da população animada, do trator, arrastamos as 30 toneladas do veleiro cerca de 15 m. No próximo movimento, a desatenção num rolo de Bombordo provoca a segunda queda. O desãnimo é geral, o ruido aumenta, a agitação atinge o auge. A queda sobre uma das estacas de apoio arrancou parte do corrimão de bombordo e o aspecto é de naufragio, confrangedor.

Mas os homens de Paquitequete não se deixam vencer: mãos à obra, melhor à madeira do veleiro, estacas e cunhas preparadas, voz de coro, e upa; centímetro a centímetro, lenta mas decididamente, a população remete o barco em posição vertical. Estamos mais descansados, o estrago não é catastrófico. Já tínhamos combinado para hoje – dois cabritos, seis galinhas, um saco de arroz, cinco litros de oleo, seis latas de tomate, alho e cebola, as mulheres trouxeram as panelas e o carvão - e serve-se a grande refeição comunitária de arroz com caril de cabrito e galinha. Em todo o areal à volta do veleiro, grupos atarefam-se em redor de pratos de folha avantajados, crianças, jovens e adultos. A boa disposição é geral!

A avaria do estabilisador poderia ter sido evitada se os parafusos tivessem sido substituidos, na medida em que depois de torcidos uma vez, ficam logo mais frageis. Mas enfim, aprender é até morrer e amanhã há mais. O mecânico sobe ao barco para pôr o motor a trabalhar uns minutos; já tinha preparado um recipiente de duzentos litros de água, ligado por um tubo à maquina, para refrigeração. Arranca, ruminante, soltando um fumo cinzento. OK!

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